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Diferentemente das demais estações iniciais das outras estradas de ferro da antiga rede Great Western, a Estação do Brum é a primeira da Estrada de Ferro Recife/Limoeiro/Timbaúba. Conforme pesquisa do professor José Luiz da Mota Menezes, o início de sua construção é posterior a 1877.
A sua localização junto ao porto e o caminho por ela percorrido devem ter uma relação direta - além de outras causas - com o abastecimento de carvão, necessário para as caldeiras da Companhia do Beberibe, que abastecia de água o Recife e a Fábrica de Tecidos da Macaxeira.
Na Estação do Brum, a parte da edificação onde se encontravam as salas - quer de uso administrativo ou público - foi construída em alvenaria de tijolos e coberta com telhas francesas, do tipo inicialmente fabricado em Marselha, na França, sustentadas por uma estrutura metálica de desenho muito simples. O desenho da estrutura remete aos modelos, sem ornatos, característicos do tempo da construção. Notável, no entanto, é o terraço que envolve essa edificação pelo lado oeste, por ser executado em ferros ornamentados, fundidos, compostos com elementos românicos, vindos da Europa e depois montados no Recife.
A localização da estação considerou o acesso desde a Rua do Pilar, e a frente principal, com os ferros ornamentados do terraço, era visível desde uma praça para tal fim definida. O largo da estação permitia a observação dela e dos acessos desde a referida rua e a partir do Forte do Brum. Hoje, a paisagem urbana que envolve a estação se encontra totalmente diferente. Para que se tenha uma ideia de seu entorno inicial, é preciso recorrer aos mapas variados do Recife.
Em mapas da cidade, de 1906 e de 1932, as características ainda eram mantidas. Com a abertura da Avenida Alfredo Lisboa, a Estação do Brum passa a ser vista desde a sua fachada voltada para a plataforma de embarque. O antigo terraço de ferros ornamentados não é mais visível em toda a sua grandeza.
A construção da fábrica de biscoitos Pilar mudou o acesso, pois sua frente estava voltada para a Rua do Pilar.
No final da década de 1990, por meio de uma Cessão de Uso concedida ao TJPE, deu-se a restauração do prédio, com base em um projeto dos arquitetos Hélio Moreira e José Luiz da Mota Menezes, para nele se instalar o Memorial da Justiça. O empreendimento teve o apoio da arquiteta Cristina Nery e demais funcionários da Corregedoria do TJPE, contando com os serviços do escultor Jobson Figueiredo na recuperação dos ferros e para outros trabalhos com metal.
O projeto respeitou todas as características da antiga estação, mas por necessidade de espaço foi programada a construção de um mezanino. Para o andar intermediário, adotou-se uma estrutura metálica, por sua leveza e porque não seria preciso fazer cortes nas paredes externas. Por outro lado, seria possível a sua retirada sem danos ao edifício original, desde que em algum tempo se tornasse desnecessária. Na escolha das cores das paredes, estruturas metálicas, portas e demais elementos construtivos, procurou-se verificar os resíduos das pinturas anteriores e se restabeleceram os aspectos mais condizentes com os princípios da restauração.
Tombado pela Fundarpe e pelo Iphan, atualmente o prédio da antiga Estação do Brum abriga o Memorial da Justiça do TJPE.