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O advogado e jornalista Elias Roma Filho conheceu Dom Hélder Câmara em 1964
O livro “Dom Helder, patrono dos direitos humanos e dos pobres”, de autoria do advogado e jornalista Elias Roma Filho, foi lançado na quinta-feira (29/8), no Salão Nobre, do Palácio da Justiça, no Recife. A publicação marca os 110 anos do nascimento e os 20 anos da morte de Dom Helder Câmara completados em 2019. O arcebispo nasceu em 7 de fevereiro de 1909, em Fortaleza, no Ceará, e morreu no Recife, no dia 27 de agosto de 1999. O lançamento contou com a presença de servidores, magistrados, e de familiares e amigos do autor. Confira as fotos AQUI.
A publicação aborda a trajetória do religioso na defesa dos Direitos Humanos e como ele se consagrou na proteção das causas e na comunhão com os mais pobres e injustiçados, revelando seus primeiros passos na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a repercussão do seu trabalho na imprensa inglesa, e o perfil cristão. Com o prefácio escrito por Dom Fernando Saburido, este é o terceiro livro publicado por Elias Roma Filho sobre o arcebispo. O primeiro foi “Dom Helder e os jovens” e o segundo, “Amigos do bem”. As duas primeiras publicações revelaram aspectos da vida e das palavras do arcebispo de Olinda e do Recife por meio de testemunhos dados por pessoas que com ele conviveram.
Durante o lançamento do livro, Elias Roma Filho falou dos sentimentos de amizade, cumplicidade e admiração que tinha em relação ao religioso. “Ele foi o primeiro padre com quem me confessei. Todos os domingos pela manhã eu ia a sua missa, levava a minha mãe e aguardava o fim do sermão para conversar com ele. Eu gostava muito de nossas conversas. Sinto falta até hoje dessa convivência, da cumplicidade que tínhamos e de ouvir seus conselhos e ensinamentos. Ele foi acima de tudo humano e defensor dos direitos dos que mais precisavam. Então, o sentimento é de saudade, mas também de gratidão por ter podido conviver de perto com alguém tão iluminado e com um legado tão relevante”, afirmou.
O desembargador Jones Figueiredo destacou o legado de Dom Hélder na defesa dos Direitos Humanos
Representando o presidente do TJPE, desembargador Adalberto de Oliveira Melo, no evento, o diretor-geral da Escola Judicial (Esmape), desembargador Jones Figueirêdo Alves, realizou um discurso enfatizando a história de Dom Hélder Câmara e o que ele simboliza na luta pelos Direitos Humanos. “A vida de Dom Hélder é marcada por um legado de sobrevivência da condição humana. Ele dizia: ‘É graça divina começar bem. Graça maior persistir na caminhada certa. Mas a graça das graças é não desistir nunca’. Ou seja, ele era um incentivador da vida humana, da luta, da resistência. Propagar a sua história, como faz o livro de Elias Roma Filho, é disseminar ideais de coragem, e também de caridade e de irmandade. Por pregar a luta por uma vida mais justa, Dom Hélder era conhecido como ‘mensageiro da esperança’. Então, hoje estamos aqui para celebrar a esperança em dias melhores, com mais cidadania para todos”, disse.
Autor – Nascido em 17 de setembro de 1945, no Recife, Elias Roma Filho é escritor, jornalista e advogado, atualmente atuando na área de Direito de Família. Em 50 anos, o jornalista atuou no Sistema Globo de Rádio, na Rádio Olinda, na Rádio Clube, no Diario de Pernambuco e no Jornal do Commercio. Foi cobrindo a chegada de Dom Helder Câmara, do Rio de Janeiro para o Recife, no aeroporto dos Guararapes, em 11 de abril de 1964, pelo JC, que Elias Roma teve o primeiro contato com o arcebispo. A partir dessa data, fez a cobertura de várias pautas sobre ações do arcebispo. O livro “Dom Helder, patrono dos direitos humanos e dos pobres” é o seu décimo segundo livro.
Dom Hélder Câmara – Bispo católico e arcebispo emérito de Olinda e Recife, Dom Helder Câmara foi um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e defensor dos Direitos Humanos durante a ditadura militar no Brasil. Pregava uma igreja simples, voltada para os pobres, e a não-violência. Por sua atuação, recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais, sendo o brasileiro mais vezes indicado ao prêmio Nobel da Paz, com quatro indicações. A Lei 13.581, de 26 de dezembro de 2017, declarou Dom Helder Câmara como Patrono Brasileiro dos Direitos Humanos.
Ele foi o décimo primeiro filho de João Eduardo Torres Câmara Filho, jornalista, crítico teatral e funcionário de uma firma comercial, e da professora primária Adelaide Pessoa Câmara. Manifestando sua vocação para o sacerdócio desde cedo, ingressou no Seminário Diocesano de Fortaleza, em 1923, o Seminário da Prainha, então sob direção dos padres lazaristas. Nessa instituição, cursou o ginásio e concluiu os estudos de filosofia e teologia.
Processo de beatificação e canonização – Em 27 de maio de 2014, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, anunciou o envio de uma carta ao Vaticano solicitando a abertura de processo de canonização de Dom Hélder. A carta foi recebida pelo Vaticano no dia 16 de fevereiro de 2015 e, menos de dez dias depois, o parecer favorável foi emitido pela Congregação para as Causas dos Santos, com o que recebeu o título de Servo de Deus em 7 de abril de 2015. A abertura do processo de beatificação foi convocada para o dia 3 de maio de 2015, na catedral de Olinda. A instalação do tribunal nessa data marcou o início da fase diocesana do processo de beatificação.
O processo de reconhecimento como santo religioso brasileiro de Dom Hélder Câmara entrará em uma nova etapa no início de setembro. Trata-se da abertura da fase romana de investigações, na qual a Igreja Católica irá escolher um relator e determinará duas comissões para realizar um minucioso perfil biográfico e uma defesa argumentativa das virtudes de Dom Helder para o seu reconhecimento como santo religioso. O próximo passo será o Papa Francisco reconhecer em nome da Igreja que Dom Helder praticou em grau heroico as virtudes cristãs, declarando-o venerável.
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Texto: Ivone Veloso | Ascom TJPE
Fotos: João Guilherme | Cacoete Produções | Ascom TJPE