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TJPE homenageia mulheres que integram o Poder Judiciário de Pernambuco

Mosaico com mulheres que compõem o Judiciário estadual pernambucano

 

No mês das mulheres, o Tribunal de Justiça de Pernambuco preparou uma homenagem especial a todas que atuam no Poder Judiciário estadual. Como reconhecimento ao trabalho daquelas que integram a Justiça, convidamos algumas magistradas e servidoras para dar seu depoimento sobre as atividades que exercem e os desafios que enfrentam todos os dias.

Além de mulheres que atuam hoje no Judiciário, nossa homenagem será extensiva à magistrada Magui Lins Azevedo, que não está mais na ativa, mas teve um papel muito importante para a Justiça estadual. Ela foi a primeira mulher a se tornar juíza do TJPE em 1966, através de concurso público. Ocupou sozinha tal posto até a segunda mulher ser nomeada, 22 anos depois. Em 2002, passou a atuar como desembargadora do Tribunal.
 

“Nossa ideia é realçar o trabalho de magistradas, servidoras, terceirizadas e estagiárias deste Tribunal. Num ambiente que, por muitos anos, foi formado predominantemente por homens, acreditamos ser importante destacar as inúmeras contribuições daquelas que fizeram e continuam fazendo história no Poder Judiciário e inspirando outras mulheres”, explicou a coordenadora da mulher do TJPE, desembargadora Daisy Andrade.

Para o presidente do Tribunal, desembargador Fernando Cerqueira, o mês da Mulher não poderia acontecer sem que o Judiciário refletisse sobre a importância da data. “Buscamos um mundo com mais igualdade para mulheres e homens, com mais respeito e liberdade. E entendemos que a Justiça tem um papel fundamental nisso. Entre as diversas ações que estamos realizando neste mês, como a Semana da Justiça pela Paz em Casa, elencamos o reconhecimento ao trabalho das mulheres que integram o Poder Judiciário de Pernambuco. Queremos, com isso, mostrar a importância e o respeito àquelas que todos os dias enfrentam muitos desafios e contribuem com a Justiça do nosso Estado”, afirmou o magistrado.

Confira o depoimento de algumas mulheres que integram o Judiciário pernambucano.

"A mulher contribui para que o Poder Judiciário consiga construir estratégias e ações capazes de contemplar as necessidades internas e externas de um público que pensa e sente diferente, mas que possui uma profundidade de discernimento que é peculiar e próprio da essência feminina. O maior desafio profisisonal enfrentado é cada mulher conseguir equilibrar, sempre que possível e necessário, a terceirização dos compromissos profissionais e familiares sem se sentir culpada de não executar diretamente cada atividade."

"A mulher, em decorrência de uma história de lutas e conquistas, em algumas situações, coloca traços de suas características, uma sensibilidade diferenciada na execução das rotinas forenses, no atendimento ao jurisdicionado e na busca pela justiça. A mulher vem se destacando em práticas de gestão, sejam elas em relação às unidades judiciárias, administrativas ou mesmo em programas e projetos direcionados aos públicos interno e externo do Tribunal no intuito de uma construção de uma justiça mais célere e eficaz. Infelizmente, apesar de alguns avanços, existem ainda preconceitos em relação a certas habilidades desenvolvidas pelas mulheres."

"A importância das mulheres para o Judiciário se faz na inadiável construção de espaços de paridade nos cargos e órgãos de comando de forma a assegurar pluralidade nas soluções das resoluções dos conflitos. Para muito além do enfrentamento à discriminação, temos como enorme desafio assegurar uma maior participação de mulheres tanto na seleção para ingresso na magistratura quanto nos seminários, debates e fóruns de discussões e também nos cargos de gestão e de alta representatividade do Poder Judiciário."

"Como magistrada, sinto que sendo mulher, trazemos um olhar diferenciado às relações e lides que passam por nossa jurisdição, considerando a vivência a que todas as mulheres adquirem ao pertencer a uma estrutura social que sempre foi desfavorável e, ao desempenhar o ofício, ser referência para as novas gerações de mulheres desconstruindo paradigmas limitantes impostos e alimentados através do mito do sexo frágil.  Ser uma magistrada requer enfrentar todos os obstáculos consciente da árdua, mas indeclinável, tarefa de ressignificar qualidades e características associadas ao universo feminino, tidas como fraquezas, em competências valiosas e imprescindíveis ao justo e humano exercício da função do Poder Judiciário."

"Considero que o dia em que se homenageiam as mulheres, antes de mais nada, é um dia de reflexão quanto à real posição na sociedade. A presença das mulheres na carreira jurídica nos faz crer que precisamos sair da invisibilidade e repensar que o lugar de cada uma é exatamente onde pretenda estar. Desde o meu ingresso na magistratura (e já se vão vinte e sete anos), muito mudou, no entanto ainda falta representatividade."

"O Poder Judiciário tem como grande missão distribuir justiça. E notamos justiça numa instituição quando valoriza a igualdade de gênero. As mulheres representam esse necessário equilíbrio; atuam com determinação e firmeza sem perder sensibilidade e doçura que, muitas vezes, fazem toda a diferença. O maior desafio profissional da mulher é conseguir conciliar, de forma equilibrada e saudável, as atividades inerentes do cargo com todas as demais atividades de cunho pessoal, social e familiar que também demandam atenção."

"A mulher possui a sensibilidade e a capacidade de realização de múltiplas funções ao mesmo tempo, inerente à condição feminina. Isto permite-a prestar aos jurisdicionados um atendimento humanizado e de qualidade. O grande desafio é a igualdade de condições de trabalho com os homens, inclusive no que tange ao acesso a funções de chefia e representatividade feminina nas altas Cortes."

"Após, aprovada em concurso público, “renasci” com o meu ingresso no Poder Judiciário. Deixei de me dedicar apenas ao meu lar para me integrar ao cenário jurídico. Assumi a chefia de uma unidade jurisdicional predominantemente masculina. Não foi fácil. Esta e tantas outras histórias demonstram como o Poder Judiciário ganhou e ganha com a presença da mulher em seus quadros, considerando que são dotadas de um verdadeiro sexto sentido, sendo naturalmente mais atentas e dedicadas. Nesta data em que se comemora a grandeza e a importância da mulher, espero que vivamos a plenitude da liberdade e da igualdade de oportunidades e sejamos felizes."

"O maior desafio das mulheres no Judiciário e na sociedade como um todo é a busca permanente por apresentar um trabalho cada vez melhor todos os dias. Percebo a mulher com uma visão mais humana e empática sobre a realidade dos fatos e ainda com mais resiliência para realizar mudanças quando necessárias. Acredito que a busca incessante por mostrar um trabalho além do esperado seja, em parte, para assegurar que são capazes dentro de uma sociedade que ainda tem resquícios machistas. O contexto do modelo patriarcal vem sendo transformado quando percebemos mais mulheres em funções de liderança no mercado de trabalho. Hoje, elas representam a maioria no Tribunal e vêm operando mudanças relevantes à frente de cargos estratégicos na instituição."

"Num espaço onde vivenciamos diariamente a Justiça, é importante buscarmos igualdade e equidade nas representações e nas decisões. A mulher se torna importante para o Judiciário por integrar a sociedade, por ter direitos e deveres e por representar metade da população. O maior desafio profissional enfrentado pelas mulheres é superar todas as dificuldades impostas a cada uma de nós. Exigem tempo, qualificação, experiência e dedicação de todas nós, mas não nos reconhecem como pessoas qualificadas e dignas de ocupar cargos gerenciais ou ter salários iguais a de homens em mesma função, por exemplo. Independente de nosso gênero, não é uma questão de competição,  e sim de igualdade e justiça."

"As mulheres são tão importantes para o Tribunal de Justiça de Pernambuco, que já são maioria da força de trabalho total na instituição. Características como organização, espírito de liderança, atenção aos detalhes, comprometimento e, sobretudo, o olhar empático e cuidadoso, fazem das mulheres excelentes profissionais. Essas habilidades, aliadas à determinação e resiliência, são essenciais nos desafios cotidianos das mulheres, que são instadas a se superarem em tudo o que fazem, seja no ambiente de trabalho, ou nas relações e demandas familiares."

"Hoje a mulher tem mais voz e, no ambiente do Judiciário, esta voz mais meiga, doce, sem deixar de ser firme e determinada, se faz a cada dia mais presente, respeitando a igualdade entre os pares. O maior desafio para as mulheres é romper barreiras, remodelar fragilidades e dependência com coragem, determinação, grande dose de sacrifício, vencer preconceitos e mostrar sua competência sem perder o seu jeito feminino de ser."

"O maior desafio profissional enfrentado pelas mulheres é conciliar a rotina do trabalho com as atribuições da vida familiar, cuidados pessoais e estudos."

"Dar voz a todas as mulheres num universo que era totalmente masculino e assim, promover um equilíbrio salutar projetado, principalmente, nas decisões da Corte e naquelas emanadas das resoluções de conflitos. O maior desafio é vencer o preconceito existente no campo profissional, conquistando todas as prerrogativas através de posturas corajosas, tais como daquelas mulheres que nos antecederam no decorrer dos anos."

"A inserção feminina em qualquer carreira ou profissão representa uma evolução do modelo patriarcal que ainda se observa nas sociedades do mundo inteiro. O ingresso das mulheres no ambiente da magistratura, retrata a conquista feminina por espaços em ambiente predominantemente masculino, onde há enorme apego à tradição e ao conservadorismo, o que contribui para uma efetiva mudança na perspectiva social. O maior desafio decorre da necessidade de reconstrução do modelo político, que privilegia a exclusão feminina dos processos decisório, levando à permanência dessa condição de desigualdade."

"A mulher a cada dia está ganhando o seu espaço na sociedade, apesar das diferenças que ainda existem atualmente e o Tribunal de Justiça do Pernambuco está ajudando nesse crescimento."

"Nas últimas décadas, as mulheres brasileiras conquistaram espaço e estão ocupando posições relevantes no Poder Judiciário, que trabalha para dar visibilidade, promover a igualdade entre homens e mulheres e afastar esse déficit histórico do reconhecimento da importância da mulher na sociedade. O maior desafio profissional das mulheres é dissociar sua condição de mulher de uma visão cultural de fragilidade, instabilidade e incapacidade de realizar qualquer trabalho."

"Ser mulher é sinônimo de ser forte, mas isso não significa que temos que gritar para sermos ouvidas, se com brandura conseguimos ser atendidas. Os desafios para nós mulheres ao entrarmos o mercado de trabalho são muitos, todavia, hoje para mim o maior é, ser mão, esposa, profissional qualificada e estudante e ter que vencer essa dupla jornada. Mas, estamos gradualmente conquistando nossos espaços, hoje a maioria do funcionalismo público são ocupados por mulheres, apesar dos cargos de chefia ainda serem predominantemente dos homens. Mas os avanços são inegáveis e estamos só começando."

"O ingresso das mulheres trouxe um frescor de ideias e um novo olhar, mais compassivo, mais humano, até, para o Poder Judiciário. Fico muito feliz quando vejo mais e mais mulheres ingressando no Poder Judiciário, porque sei que temos muito a contribuir, a entregar e realizar. Uma juíza que seja mais firme, e que atue exatamente como um juiz, muitas vezes é taxada de braba, dura ou inflexível, o que sem dúvida não ocorrerá com o homem, que será admirado, exatamente pelas mesmas posturas. Conseguir entrar o equilíbrio, ser fortes firmes, mas manter a empatia, e ser sensíveis aos dramas humanos talvez seja o maior desafio."

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Texto: Rebeka Maciel | Ascom TJPE
Arte: Núcleo de Publicidade e Design | Ascom TJPE