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Documentos do Memorial da Justiça do TJPE revelam histórias e atraem pesquisadores

 
Na instituição, no Bairro do Recife, pesquisadores e público em geral têm acesso a 165 mil autos de processos dos séculos XVIII ao XX, além de material ligado à história do próprio Memorial
 
 
Aproximadamente 165 mil autos de processos judiciais de um período que vai do século XVIII ao XX fazem parte do acervo do Memorial da Justiça do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). Além disso, a instituição guarda assentamentos de nascimento e de óbito, livros de testamentos e material ligado à história do próprio Memorial, como fotografias, documentos administrativos e projetos arquitetônicos. Todo esse material, disponível ao público, conta parte da história de Pernambuco e é relevante fonte de informação para pesquisadores.
 
Segundo Ivan Oliveira, historiador e coordenador do setor responsável pela conservação desse acervo, a instituição recebe pesquisadores de diversas áreas. Estudantes desde o nível médio e professores doutores, alguns vindos de outros estados e até de outros países. Escritores como Antônio Neto e José Alves Sobrinho, que pesquisaram processos para escrever o livro "Pegadas de um sertanejo", biografia do fazendeiro José Saturnino, personagem ligado à trajetória de Lampião. Genealogistas que buscam documentos para a identificação da origem de famílias, o que às vezes fundamenta pedidos de dupla cidadania. Gente que procura processos antigos, até do século XIX, para resolver questões relativas à posse de terras ou de objetos de família, como uma valiosa imagem de santa que tinha a propriedade disputada.
 
Mayra Caroline da Silva Medeiros cursa graduação em história na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e, em projeto do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), pesquisa sobre a mulher negra no Recife na virada do século XIX para o século XX. Foi seu orientador quem sugeriu investigar sobre o tema a partir de processos criminais do acervo do Memorial da Justiça.
 
Manoel Felipe Batista da Fonseca é mestre em história pela UFPE e se prepara para ingressar no doutorado. Apaixonado pela História da Segunda Guerra Mundial, tema de seu projeto de conclusão de curso na graduação e de sua dissertação de mestrado, pretende estudar, no doutorado, o cotidiano do Recife durante a guerra, tendo em vista a presença norte-americana na cidade. Para isso, está examinando 90 caixas de processos criminais de 1941 a 1945 e fotografando todos os que dizem respeito a norte-americanos.
 
Quem indicou o Memorial ao mestre em história foi Aurélio de Moura Britto, seu colega desde a graduação. Aurélio, que cursa o doutorado de história da UFPE e tem visitado o Memorial para pesquisar sobre a Casa de Detenção do Recife, considera-se um "rato de arquivo". Na graduação, um professor já lhe falara sobre o Memorial, onde, pouco depois, um colega começou a estagiar, atiçando sua curiosidade. Tornou-se um frequentador. "Já faz parte do circuito obrigatório dos pesquisadores", diz Aurélio. "Se você for apresentar um trabalho, a banca vai perguntar: consultou os autos do Memorial da Justiça?"
 
Atendimento – Os interessados em consultar a documentação histórica que o centro de memória do Tribunal guarda, preserva e organiza devem dirigir-se ao Memorial da Justiça, na Avenida Alfredo Lisboa, Bairro do Recife, próximo ao Forte do Brum, e procurar a orientação dos responsáveis pelo atendimento na sala de pesquisa. As consultas podem ser feitas sem agendamento de segunda a sexta-feira, das 13h às 18h. Para atendimento no período da manhã, é preciso agendar pelo memojust@tjpe.jus.br.
 
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Texto: Anna Santoro | Memorial da Justiça do TJPE
 
Fotos: Memorial da Justiça do TJPE
 
 
Data de publicação: 13/4/2016