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Apadrinhar é um gesto de cidadania e empatia


Canrobert e seu apadrinhado, Luciano Filho, em visita a um navio da Marinha do Brasil, ancorado no Porto do Recife

"Mas enquanto estou viva, cheia de graça, talvez ainda me faça um monte de gente feliz". Inspirado na frase de uma das músicas de Rita Lee, “Saúde”, Canrobert Palmeira fez uma referência à canção para descrever o sentimento de já ter apadrinhado cinco adolescentes, por meio do Programa Ciranda Conviver, executado pela Comissão Judiciária de Adoção do Estado (Ceja), do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).

Atualmente, o aposentado de 70 anos, que atuou como funcionário público na Prefeitura do Recife, é o padrinho de dois adolescentes com poucas perspectivas de retornar à família de origem ou irem para adoção.

Ciente do impacto social gerado pelo apadrinhamento, Canrobert falou como conheceu o programa. “Em 2017, o Diário de Pernambuco fez uma entrevista com um juiz da Infância e juventude que abordava sobre adoção e apadrinhamento. Eu dispunha de tempo e recursos financeiros, que decidi utilizá-los apoiando pessoas. Assim, no mesmo ano me tornei padrinho financeiro de dois adolescentes, assegurando para eles uma capacitação profissional”, contou.

Em 2021, ele decidiu se tornar padrinho afetivo de um adolescente. Além da convivência, custeou reforço escolar para o apadrinhado. “Prestes a completar 18 anos, o rapaz foi adotado por uma família do sul da Bahia. Fiquei muito contente com isso”, recordou Canrobert, claramente alegre com o desfecho dessa história e de saber que oportunizou para o adolescente uma vivência social e afetiva através da convivência comunitária.

Pensando em fazer, mais vezes, a diferença na vida de alguém, procurou novamente a Ceja-PE. Desse modo, atualmente, Canrobert é o padrinho financeiro de uma adolescente de 13 anos. Para ajudá-la, custeia o seu tratamento psicoterápico. O senhor ressaltou a importância do suporte para a menina. “A equipe da instituição de acolhimento fica me informando sobre o seu progresso. Então estou convicto que a psicoterapia facilitará a sua adoção”, exprimiu.

No momento, ele também é padrinho afetivo de um adolescente de 16 anos. “Procuro alargar seus horizontes com passeios instrutivos. Já fomos visitar, por exemplo, um navio da Marinha brasileira; outra vez o levei para assistir o musical "Capiba - pelas ruas eu vou", no Teatro Santa Isabel. Essa foi uma experiência que lhe encheu os olhos pela grandiosidade, enquanto conhecia a figura e a obra de um grande compositor pernambucano, Lourenço da Fonseca Barbosa, conhecido como Capiba”, pontuou. Além disso, o padrinho garante o pagamento do reforço escolar do jovem.

Canrobert destacou alguns pontos que motivaram a sua decisão em apadrinhar. “Presenciar os déficits pedagógicos, mais agravados nas situações de acolhimento, me motivou ao apadrinhamento. Tanto que tempos atrás inventei uma frase que reflete minha preocupação constante com a educação, que é: ‘Não há saída com a educação decaída’”. Logo, o padrinho proporciona um suporte para o público que, de acordo com a sua perspectiva, necessita de muito preparo pessoal e profissional para enfrentar o mundo exterior.

O senhor Canrobert relatou o que mudou na sua vida desde que apadrinhou e transformou a realidade dessas pessoas. “Quando comecei a apadrinhar fiquei mais ciente de uma realidade desconhecida por mim, a dos acolhidos. Sem dúvidas, a minha convivência com os mais jovens relembra olhares da vida que o tempo teima em apagar", concluiu o aposentado.

Além do benefício gerado à vida do apadrinhado, quem apadrinha também desfruta de efeitos positivos para a sua saúde. A ciência defende que fornecer apoio social a pessoas em necessidade ativa as regiões do cérebro ligadas ao cuidado parental, o que está associado a bons efeitos para a saúde.

Assim, histórias como a de Canrobert Palmeira, nos mostram que além da adoção, é possível prestar um apoio de diferentes formas a crianças e adolescentes que estão em instituições de acolhimento, já que são “nas pequenas ações de solidariedade que reside a grandeza humana”.

Você se interessou em conhecer mais sobre os programas de apadrinhamento do TJPE? Então acesse o link.
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Texto: Carolina Cerqueira | Ascom TJPE
Foto: Cortesia