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Amor incondicional: conheça a história de adoção de uma criança com síndrome de Down

“Passamos três anos para descobrir que desejávamos apenas um filho”. O depoimento dos pais de Cassius Vinícius da Silva Aguiar resume o ato de amor incondicional em que pode ser resumida a adoção. Apesar de incialmente traçarem o perfil de uma criança do sexo feminino de até três anos e sem necessidades especiais, ao fazer a revisão do processo, escolhendo, neste momento, crianças de ambos os sexos de até cinco anos e com doenças tratáveis ou com necessidades especiais, o casal Jorge de Assis Aguiar e Maria Conceição da Silva Aguiar teve o desejo de aumentar a família concretizado. Cassius tem síndrome de Down e chegou para ensinar as coisas mais simples da vida e o amor sem preconceitos, como afirma seu pai, que agradece a Deus todos os dias por essa benção. No mês em que é celebrado o Dia Internacional da Síndrome de Down (21 de março), conheça a história de adoção de uma família especial. 

“Quando traçamos o primeiro perfil esperamos três anos. Após este período, fomos convidados pela Vara da Infância e Juventude de Olinda para realizar a revisão do nosso processo. Depois desta alteração, fomos chamados em menos de dois meses para conhecer Cassius”, explica Maria Conceição. O casal conta que a decisão de adotar uma criança surgiu após descobrirem que, por problemas de saúde, não poderiam gerar filhos biológicos e após sete anos de união, eles tiveram o desejo de aumentar a família. 

“Lembro que a assistente social me ligou e informou que nosso provável filho havia chegado e marcou para irmos conversar com ela no dia seguinte”, conta a mãe da criança. Ao saber que Cassius tinha síndrome de Down, Jorge disse que incialmente ficou receoso pela condição do menino e por ter sido criado com uma criança com a trissomia 21, mas que a esposa quis vê-lo. Foi então, que o casal decidiu conhecê-lo para ver se haveria uma relação afetiva entre os três. “Aconteceu a coisa mais linda entre a gente! Já queríamos levar ele no mesmo dia”, lembra o pai. “Lembro que a assistente social pediu um abraço a ele e a resposta dele foi não, palavra preferida dele até hoje. Para a minha surpresa ele veio em minha direção, encostou entre meus seios e ficou em posição como se estivesse mamando, fazendo um barulhinho com a língua que ele faz até hoje quando está com dengo ou sono”, recorda a mãe. “Neste momento, eu tive a certeza de que não éramos nós que tínhamos que escolhê-lo e sim que ele havia acabado de nos escolher”, completa.

Cassius foi adotado com três anos e hoje possui seis. Os pais afirmam que, com exceção das terapias que ele faz três vezes por semana (Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Psicologia, Psicopedagogia, Terapia ABA, Integração Sensorial e Psicomotricidade), a rotina dele é como de qualquer outra criança. “Ele tem uma condição mais lenta na aprendizagem, mas se esforça e vai embora. Eu comento com minha esposa que ele nos ensina nas coisas mais simples da vida com um amorzão danado”, relata Jorge. Em alguns finais de semana, Cassius encontra com os irmãos para brincar. “Temos muito contato com os irmãos e seus pais adotivos, principalmente os três que moram em um condomínio que fica na mesma rua que moramos”, explica Maria Conceição.

Jorge e Maria Conceição deixam uma mensagem para as pessoas que desejam adotar crianças e/ou adolescentes. “Se é o desejo de seus corações serem pais ou mães, adotem e não tenham receio se seu filho terá alguma deficiência. O que importa é o amor que vocês terão para dar a essas crianças ou adolescentes e em troca, eles lhes darão em dobro. Além disso, é uma oportunidade para evoluir mentalmente e fisicamente, pois eles são muito inteligentes e carinhosos, nos ensinando a dar valor às coisas mais simples da vida, como um nascer do sol, um canto de um pássaro e até o som da cigarra”.

Como começar o processo de adoção – Para iniciar o procedimento é necessário dar entrada no processo de “Habilitação para Adoção” na Vara com competência em Infância no município na qual a pessoa interessada reside. Após isto, é essencial a participação no Curso de Pretendentes à Adoção promovido pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). A capacitação é obrigatória e ao seu término será emitido um certificado. As pessoas interessadas também precisam realizar um pré-cadastro no Sistema Nacional de Acolhimento e Adoção (SNA), mantido pelo Conselho Nacional de Justiça, onde, após os trâmites necessários, serão habilitadas.

Algumas Comarcas exigem o comprovante de participação em reuniões de Grupos de Apoio à Adoção (conheça aqui os associados à ANGAAD). De posse de toda documentação necessária, as pessoas interessadas devem comparecer novamente à Vara anteriormente visitada para dar início ao processo de adoção. Ao longo do procedimento, será realizado um estudo psicossocial pela equipe interprofissional do TJPE. No Sistema Nacional de Acolhimento e Adoção estão cadastradas tanto quem está interessado em adotar quanto as crianças e adolescentes para adoção.

Busca Ativa do Projeto Família – A Comissão Estadual Jurídica de Adoção (CEJA) divulga informações sobre as crianças e adolescentes que não encontraram pretendentes inscritos no SNA para adoção. Os dados são publicados em vários meios, como redes sociais, por exemplo. Para ter mais informações sobre essas pessoas é necessário entrar em contato com a Ceja

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Texto: Cláudia Franco | Ascom TJPE
Foto: Jorge de Assis Aguiar