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As festividades de fim de ano são sempre um momento de acolhimento, renovação e humanidade, onde todos nós compartilhamos e celebramos as boas coisas que vivemos no ano e nossos votos para um futuro melhor. Esse sentimento de promoção de paz e felicidade tem um local especial reservado, tanto no coração quanto no apartamento, do desembargador Marcelo Russell Wanderley e da desembargadora Valéria Wanderley, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). O casal prepara, anualmente, uma enorme vila natalina em miniatura em sua residência, na Zona Norte do Recife, e recebe crianças em situação de vulnerabilidade para uma grande festa de Natal.
Tudo começou há 27 anos, quando o então juiz da 10ª Vara Cível da Capital decidiu começar a montar pequenos cenários com a temática natalina clássica que cresceu vendo na televisão, trazendo como maior inspiração as emoções que sentia quando via as decorações de Natal no Recife Antigo. “A beleza do ciclo natalino recifense, em especial nos natais dos anos 60 e 70, é algo incomensurável para os que não viram nem viveram aqueles encantos, onde havia maravilhosas decorações, principalmente considerando as no comércio do centro, nas pontes centrais da cidade, na pracinha do Diário, nas margens e nas águas do Capibaribe, ao longo da rua da Aurora e tantas outras”, lembra o desembargador Marcelo Russell.
“Quando anoitecia, os pais colocavam os filhos nos carros e os levavam para passear pelas ruas enfeitadas. A decoração pública e privada dava inveja às outras capitais. Aqueles anos foram o início de uma história de Natal dentro da nossa história. É o melhor tempo que cultivo agora na memória”, conclui.
No início, a decoração natalina do casal contava apenas com um pequeno presépio e maquetes com figurinhas e brinquedos, trazidos de viagens por eles ou por colegas, que reservava apenas um canto da sala. Montar essa pequena vila virou uma tradição que, de pouco a pouco, foi transformando-a em uma metrópole natalina. Graças à beleza, ao zelo e à criatividade do casal de magistrados com a obra, a vila natalina começou a virar um ponto de visitação para parentes e amigos e “tal qual o Recife, a cada ano variamos o tema”, conta o desembargador Marcelo, que projeta e constrói toda a obra em família.
Porém, a beleza e o simbolismo da vila natalina não poderiam ficar restritos só a um público específico. Então, há cerca de 10 anos, a desembargadora Valéria Wanderley, através da sua atuação à época como juíza da 1ª Vara da Infância e Juventude da Capital, começou a promover encontros de crianças de diversos abrigos para ter um dia de diversão e ensinamentos sobre o espírito e verdadeiro significado do Natal.
“Eu queria mostrar às crianças um novo mundo, uma coisa diferente. Então, eu tive a ideia de começar a chamar as crianças de abrigos, com os quais eu trabalhava, para que elas tenham um dia de alegria bem especial”, explica a desembargadora Valéria. “Quando eu voltava aos abrigos, as crianças vinham conversar comigo sobre como ficaram aquele lugar na memória, que não vai se esquecer”.
Neste ano, no dia 3 de dezembro, 30 crianças de um abrigo foram até a casa dos desembargadores e aproveitaram o dia com pula-pulas, brinquedos infláveis, lanches, recreação, visitação da vila de Natal, momento de reflexão e, em especial, a entrega de presentes que elas mesmas pediram em cartinhas para Papai Noel.
“Para a nossa surpresa, as crianças gostam tanto da vila quanto do presépio”, lembra o desembargador. “Elas conversam com a gente sobre de forma que a gente nem imaginava que elas sabiam. Você pergunta algumas coisas e elas respondem sobre os reis magos, sobre o nascimento de Jesus, onde se deu, quem é a mãe, quem é o pai, isso tudo a criançada sabe”, conta.
Atualmente, a vila natalina de Marcelo e Valéria ocupa uma área de cerca de 22m² e conta com mais de mil enfeites e miniaturas. Neste ano, o tema é uma viagem pelo mundo do Natal, trazendo elementos e músicas características da França, Nova Iorque, Disneylândia, Suíça, Alemanha, Canadá, Lapônia e muitos outros. Além da vila, o casal ainda tem como destaque um presépio no centro da sala para contar a história do nascimento de Jesus Cristo para as crianças e demais visitantes.
Perguntado sobre o que toda a vila natalina representa para o desembargador, ele comenta sem pestanejar: “Pura magia e magia não se explica. É um sentimento que eclode do fundo do coração e que você só percebe que a magia aconteceu depois que ela está viva, que ela está se apresentando, que ela está em movimento”, conta.
A desembargadora também comenta do simbolismo: “É uma tradição familiar, a gente monta e a gente curte da melhor forma possível. Mas o que representa mesmo, eu acho que representa o espírito natalino. É você poder oferecer alguma coisa para as pessoas e que leve na intenção da felicidade, da alegria”, explica.
Para ambos, as festividades natalinas sempre tiveram uma presença muito forte, advinda de uma saudosa lembrança, seja ela advinda do espetáculo urbano, da acolhida familiar, dos presentes, das músicas e filmes, das viagens, do simbolismo do cristão ou do planejamento para receber amigos e parentes. Recordações que não precisam ficar restritas àqueles que as viveram, mas sim se tornar uma responsabilidade de garantir que outras pessoas possam criá-las em suas próprias memórias, fortalecendo e disseminando o verdadeiro significado do Natal.
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Texto: Marcelo Dettogni | Ascom TJPE
Foto: Marcelo Dettogni | Ascom TJPE