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Mostra exposta no Memorial de Justiça busca ressocialização de egressos do sistema penitenciário

A abertura da Exposição contou com a presença de José Benedito, egresso do sistema penitenciário

 

Com o objetivo de contribuir para o processo de ressocialização de egressos do sistema penitenciário, recompondo vínculos sociais rompidos, o Patronato Penitenciário de Pernambuco, em parceria com o Tribunal de Justiça do Estado, está promovendo a Exposição "Patronarte". O projeto integra a programação da III Jornada Estadual de Direitos Humanos, realizada pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos. A mostra está exposta no Memorial da Justiça de Pernambuco, na Av. Alfredo Lisboa, próximo ao Forte do Brum, até o dia 12 e conta com obras de dois artistas reeducandos de Caruaru.

A abertura da Exposição contou com a presença de José Benedito, egresso do sistema penitenciário, que apresentou uma obra de caboclos de lança. "A arte é um veículo de liberdade. Através dela, você pode transformar o mundo, usando o tema como veículo de libertação", disse. José Benedito também falou que tem sorte em ter nascido com a habilidade para fazer arte. "Eu tenho a felicidade de ter essa veia artística, que pra mim é uma terapia", contou.

Segundo o artista, o Patronato é um grande meio de divulgação não só daqueles que estão no anonimato, mas também dos que estão dentro dos presídios. "Eu vivi no sistema penitenciário e vi muitas pessoas boas que faziam arte. O Patronato é um órgão que está dando um posicionamento muito positivo no sentido de resgatar, de dar suporte a essas pessoas que saem do sistema penitenciário", ressaltou.

De acordo com a psicóloga do Patronato Penitenciário de Pernambuco, Michelliny Oliveira, a missão do órgão é promover a reinserção dos egressos e liberados do sistema prisional de Pernambuco. "Nós acompanhamos o egresso e tentamos fortalecer a reinserção deles à sociedade", explicou. A assistente social do Patronato, Nathália Rodrigues, enfatizou que a exposição é muito importante para que eles não sejam só reconhecidos pelo crime que cometeram, mas pelo trabalho artístico que eles realizam.

Para a coordenadora do Núcleo Educativo do Memorial, Gabriela Severien, a reinserção dos egressos na sociedade é muito importante e acredita evento é uma porta para a liberdade, para o reconhecimento do talento deles. "Nós fazemos a nossa parte, que é a de reconhecer o talento deles e divulgá-lo. E também não abordamos só a questão teórica, mas também a prática, o contato do público com os autores", afirmou.
Uma das pessoas que estavam visitando a exposição, Glauciete de Souza, relatou que a relevância de um evento como este é muito grande. "É extremamente importante que ocorra a valorização do talento e da habilidade dessas pessoas. O fato de terem cometido algum erro não justifica a não divulgação do trabalho deles."

O desejo de José Benedito agora é o de que as autoridades competentes possam ver o material deles e que lhes deem chance para se desenvolverem. "Cabe ao Estado olhar essas pessoas e criar oportunidades. Eu pretendo, junto ao Estado, fazer um trabalho voltado para o público penitenciário, para que eu possa canalizar os pensamentos deles e dar suporte às pessoas que precisam", contou. A visitação à exposição no Memorial da Justiça começa às 13h e vai até as 17h30. A entrada é gratuita.

 

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Texto: Ruan Samarone | Ascom TJPE

Foto: Anderson Freitas | Agência Rodrigo Moreira