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Jogo entre Sport e Botafogo marca ampliação da campanha “Adote um Pequeno Torcedor”

Dentre os que participaram da visita à Ilha do Retiro estava Elaine, de 17 anos,  junto ao seu boneco, na arquibancada   

Na partida entre Sport Club do Recife e Botafogo, que acontece na Ilha do Retiro, neste domingo (11/10), às 18h15, véspera do Dia das Crianças, além dos jogadores, um time de 58 crianças e adolescentes fará parte do jogo. São meninos e meninas de idades mais elevadas, ou pertencentes a grupo de irmãos, ou com deficiência e também com problemas de saúde, que vivem em instituições de acolhimento em Pernambuco e buscam uma nova família por meio da adoção. Na arquibancada, as crianças e os adolescentes serão representados com fotos por meio dos bonecos-torcedores no modelo totem. Para o lançamento oficial, eles foram conhecer a Ilha do Retiro, no início da tarde, e acompanhar a instalação dos bonecos. Toda a ação foi realizada seguindo as orientações sanitárias.

Desenvolvida através de uma parceria entre o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), por meio da 2ª Vara da Infância e Juventude, e o time Sport Club do Recife, a campanha "Adote um Pequeno Torcedor" busca dar visibilidade a essas crianças e adolescentes, cujos pais foram destituídos do poder familiar e que são tidos com situação de difícil colocação em família adotiva. Implantada em agosto de 2015, a ação incluía crianças e adolescentes de casas de acolhida, vinculadas apenas à 2ª Vara da Infância e Juventude Capital, que totalizam 15. Hoje incluirá as crianças que participam também do Projeto Família, da Comissão Judiciária de Adoção do Estado (Ceja), que vivem nas 77 instituições de acolhimento em todo o Estado. O Projeto Família já faz também esse trabalho de divulgação da imagem de crianças e de adolescentes, distribuídos por essas comarcas, por meio de redes sociais e de um serviço de Busca Ativa no site do TJPE, desde 2016. 

Willams cercado pela família que conquistou por meio do "Adote um Pequeno Torcedor"

Por meio do “Adote um Pequeno Torcedor” foram realizadas 11 adoções. Dentre os que conquistaram uma nova família está Willams, hoje Willams Amaral Nogueira, com 22 anos. Ele foi adotado em 2016, com 18 anos, prestes a deixar a instituição de acolhimento em que vivia. A história de Willams foi conhecida pela engenheira Viviane Medeiros do Amaral Nogueira, por meio de um vídeo da Campanha “Adote um Pequeno Torcedor”, visualizado através do aplicativo whatsapp no Grupo de Apoio à Adoção do qual fazia parte.

Moradora de Belo Horizonte, em Minas Gerais, e casada com o psicólogo Cláudio Martins Nogueira, Viviane sempre teve o desejo de adotar um filho mais velho. Ela já era mãe de Lucas, na época com 26 anos, e hoje com 30 anos. “A aproximação entre mim e meu filho começou depois que o juiz Élio Braz o escutou em audiência preliminar e que ele manifestou o desejo de ser adotado por nós. Foi nesse momento que ele nos adotou como pais. Assim que terminou a audiência dele já foi autorizado o primeiro contato através de ligação telefônica na qual ele já me chamou de mamãe” relembra.

Depois foram mais dez dias de aproximação virtual, via Skype, whatsapp, e telefone. Passados os dez dias, foi autorizada pelo juiz a aproximação presencial. O casal foi para o Recife, e ficaram durante dez dia de convivência 24 horas com Willams. Após esse período, houve a audiência de adoção, na qual o juiz já autorizou o casal a levar o filho para a casa em Belo Horizonte com a nova família.

Questionada sobre como tem sido a experiência da adoção de um jovem, Viviane responde: “Foi e está sendo uma experiência incrível e enriquecedora. É uma troca, a adoção é via de mão dupla. Ensino e aprendo, dou e recebo amor. É divino! Não tem idade para ser filho. A filiação pode acontecer a qualquer momento. Meu sentimento é de amor incondicional. Amor de mãe. Meus filhos são presentes de Deus”, revela. Ela fala também da relação dos seus filhos. ”Lucas e Willams têm uma relação ótima. Tem amor, cumplicidade, amizade, carinho, brincadeiras, saem juntos, enfim, se dão super bem”, conta.

O pai de Willams, Cláudio, reitera a experiência descrita pela esposa também com entusiasmo. “Adoção de um jovem de 18 anos para mim foi a realização de um grande sonho. De um desejo que completou nossa família. Ser pai para mim é uma dádiva da providência divina. Ser pai do Willams então, é incrível”, descreve. Willams conta também o que significa fazer parte desse novo ciclo familiar. “Me sinto muito feliz e realizado com minha família. O que prevalece pra mim é o amor que sentimos uns pelos outros”, conclui. Hoje, ele cursa o terceiro período do curso de Administração e trabalha como técnico administrativo em uma empresa privada.

Para Viviane, a ampliação da campanha para mais comarcas da Infância e Juventude representa uma grande oportunidade de serem formadas novas famílias. “Eu acredito muito na campanha pois foi através dela que encontrei meu filho que eu esperava há anos. Esse projeto dá voz e visibilidade para as crianças e os adolescentes que estão em casas de acolhimento aguardando por uma família que os ame, que cuide deles e que os aceite com sua história de vida e suas demandas, porque filho é pra vida toda. As crianças mais velhas e os adolescentes são invisíveis para a sociedade, não têm pretendentes que os queiram, pois a maioria quer crianças pequenas. Por isso a importância de lhes dar visibilidade. São crianças e adolescentes reais e não aqueles que são fantasiados por famílias ditas perfeitas”, observa.

Os dados do Sistema Nacional de Adoção (SNA), do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), corroboram a declaração de Viviane. Segundo o SNA, Pernambuco tem hoje 79 crianças e adolescentes aptos à adoção. Em contrapartida, há 1.087 pretendentes disponíveis para adoção, mas desse total, apenas 6% adotariam crianças acima de 7 anos.

Pioneiro na execução do "Adote um Pequeno Torcedor", o juiz titular da 2ª Vara da Infância e Juventude da Capital, atualmente no cargo de corregedor-auxiliar da 2ª Entrância, Élio Braz, comemora a ampliação da campanha e fala dos cinco anos de existência da inciativa. “São cinco anos de histórias, de narrativas de muito amor. A construção da ação, em 2015, ocorreu no momento das visitas dos magistrados a crianças e adolescentes nas casas de acolhimento, nas quais eram perceptíveis olhares de desejos desses jovens que estavam ali aguardando o amor de um pai e de uma mãe para florescer. Eu sempre acreditei que eles poderiam se transformar em grande seres humanos, adultos, profissionais que possam contribuir com a sociedade, estava nos olhos de cada um deles e foi isso. Essa foi a força motivadora para o programa. Eles têm o direto de ter a convivência familiar comunitária. Não podemos permanecer com essas crianças invisíveis, então esse programa trouxe essa visibilidade”, pontua.

 A juíza substituta da 2ª da Infância e Juventude da Capital, e secretária-executiva da Ceja, Hélia Viegas, destaca que a imagem e a história da criança e do adolescente têm a capacidade de impactar mais os candidatos à adoção para iniciar com aquele menino ou menina uma nova família. “Acredito na construção de mais famílias a partir dessa visibilidade maior. São crianças e adolescentes cujo perfil é tido como de difícil colocação em família adotiva. Essa campanha é muito relevante porque foi a partir dela que outros tribunais de justiça também legitimaram ferramentas de busca ativa para adoção. Foi também uma inspiração para outros times brasileiros que hoje desenvolvem junto aos tribunais iniciativas semelhantes”, observa.

Início - A ideia de lançar a campanha "Adote um Pequeno Torcedor" surgiu no início de 2015.  Aproveitando a grande popularidade do Sport Club do Recife, o seu presidente-executivo, na época, João Humberto Martorelli, entrou em contato com o juiz Élio Braz, titular da 2ª Vara da Infância e Juventude, para desenvolver o projeto. "Achei a ideia maravilhosa e prontamente quis estabelecer a parceria com a direção do time. Temos que trabalhar em conjunto para reduzir ao máximo o número de crianças abandonadas, que precisam ter uma família", afirma o juiz Élio Braz.

Como participar - Para obter mais informações sobre como participar da iniciativa e conhecer um pouco da história dessas crianças e adolescentes, os interessados podem acessar no site do TJPE dados dos meninos e meninas que participam do projeto por meio do link da Ceja, clicando aqui. Para esclarecer qualquer dúvida, os interessados também podem entrar em contato com a Ceja por meio do e-mail ceja@tjpe.jus.br ou pelo telefone da Comissão: 3181-5953

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Texto: Ivone Veloso | Ascom TJPE
Fotos1: Sport Club 
Foto2: Cortesia