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A história do encontro da família Araújo começa em 2019. Foi através do programa Ciranda Conviver, desenvolvido pela Comissão Estadual Judiciária de Adoção de Pernambuco (Ceja), do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), que o casal Gleiz Goes e Raphael Araújo viu pela primeira vez uma foto de seu filho Edmilson, na época com 14 anos de idade, através do Grupo de Apoio à Adoção Paternal (GAAP) do município do Paulista.
A partir daí, o casal entrou em contato com a Comarca para informar o interesse na adoção e obtiveram ajuda do juiz Ricardo de Sá Leitão e sua equipe. Ao realizar a primeira visita à instituição de acolhimento em que Edmilson morava, tiveram a surpresa de conhecer seus dois irmãos mais novos, André, que tinha 9 anos, e o caçula, Andrey, de 8 anos.
“Foi aí que tudo mudou em nossas vidas, porque tínhamos nos preparado para ser pais de uma criança. E, na medida que íamos ao abrigo e de muitos diálogos em família, já sabíamos que a nossa família iria aumentar. Os meninos nos abraçaram como pais e nós os abraçamos como filhos. Nesse momento a decisão foi tomada, seríamos pais de três”, declarou Raphael, pai dos meninos.
Segundo a mãe, Gleiz, o casal já tinha vontade de adotar, mas levaram tempo para iniciar o processo. Foi depois de muita conversa que decidiram entrar no Sistema Nacional de Adoção (SNA). Enquanto acompanhavam as reuniões do GAAP, precisaram definir um perfil para a escolha de um filho, atividade que a mãe sentiu desconforto em realizar.
“Assistimos a muitos vídeos sobre o tema e, em paralelo, estávamos definindo o perfil do tão sonhado filho. Porém, como você escolhe um filho? E eu sempre dizia: “Senhor, eu não quero preencher esse pedaço de papel” e, mesmo sem merecer, Deus me ouviu. E nem sabia eu que o silêncio de Deus era apenas a confirmação de que tudo estava sendo resolvido. Nossa família seria formada conforme a vontade Dele”, explicou.
A espera foi grande e a expectativa ainda maior. Para Raphael, o processo por que passaram foi necessário e fundamental para a garantia da segurança dos jovens. “A partir do momento que você faz parte do GAAP ou se informa bem sobre o processo de adoção, você compreende que todas as etapas são necessárias e muito importantes para a proteção das crianças”, afirmou.
De acordo com as informações disponíveis no painel de acompanhamento do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, o estado de Pernambuco, apesar de ocupar o sétimo lugar no ranking dos que mais realizaram adoções no País, enfrenta dificuldades na efetivação de adoções de crianças maiores de 7 anos. Atualmente, existem 813 pretendentes habilitados(as) a adotar e 163 crianças e adolescentes aptos(as) para serem adotados(as). Porém, há apenas três pretendentes dispostos a adotar adolescentes e, quando se trata de grupos de irmãos, essa quantidade é nula.
Gleiz e Raphael são um exemplo de como o processo adotivo pode ser imprevisível, mas também de como pode preencher uma família. Quando o casal fez a escolha de adotar Edmilson, que já estava com 14 anos e, posteriormente, acolher também seus dois irmãos, tomaram também a decisão de manter e criar uma família unida.
O depoimento de Gleiz é uma dedicatória a uma maternidade que vai além da conexão biológica, é uma carta aberta a todos os pais e mães por adoção, que ainda estão relutantes em acolher grupo de irmãos. “Eu sempre tive a maternidade enraizada em mim, eu sempre me imaginei mãe, e sempre sonhei e planejei a maternidade, porém o tempo de Deus não é o nosso. Ser mãe é amar incondicionalmente, minha família é formada por via da adoção e não da biologia. O nosso encontro foi algo sobrenatural, foi algo determinado por Deus”, afirmou.
“Adoção não é sinônimo de filhos perfeitos, não é sinônimo de caridade, não te faz mais do que ninguém e nem inferior a ninguém, não te faz menos mãe. Eu não gerei no meu ventre, eu gerei no meu coração”, finalizou a mãe.
Visite a página da Coordenadoria da Infância e Juventude do TJPE e saiba como adotar.
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Texto: Victória Brito | Ascom TJPE
Fotos: cortesia