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201 anos do TJPE: o primeiro dos próximos 200 anos

Num país que nem sempre valoriza sua própria memória, é fundamental que as instituições busquem celebrar a história, reverenciar seu povo e homenagear as pessoas que ajudaram a construir o caminho que ora trilhamos. 

Por mais indispensável que seja, porém, o culto ao passado não pode nem deve ofuscar a visão de futuro, o olhar para frente.

É debatendo ideias, compartilhando conhecimento e, sobretudo, planejando nossas ações que pavimentamos hoje a estrada que pretendemos seguir amanhã. 

Aqueles que vierem depois de nós haverão de se beneficiar. Quem planta tâmaras não colhe tâmaras. 

No ano passado celebramos os 200 anos de instalação do Tribunal de Justiça de Pernambuco. Destacamos a perenidade e a solidez de uma das instituições mais antigas e relevantes do Brasil. Na semana passada, mais uma vez, homenageamos o maior símbolo do Judiciário pernambucano. Desta vez, entretanto, optamos por mirar o futuro com maior intensidade. No tributo aos 201 anos de história do TJPE, começamos a viver o primeiro ano dos próximos dois séculos. 

E se quisermos um mundo melhor para todos, temos que, desde já, investir nas pessoas, lutar pela inclusão social, batalhar pela igualdade de oportunidades, combater todo tipo de discriminação.

No último dia 14 de agosto, na sede da Escola Judicial de Pernambuco, fiz a abertura da solenidade de aniversário do Tribunal para um auditório lotado. Ao meu lado, três mulheres se destacavam: a governadora Raquel Lyra, a deputada Débora Almeida, que representava o Poder Legislativo de Pernambuco, e a presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região, desembargadora Nise Pedroso. Foi um encontro simbólico, algo a nos mostrar que o sonho do passado começa a se tornar realidade. Ainda há muita luta pela frente, mas aos poucos as mulheres vão conquistando seu espaço.

À minha frente no auditório estavam alguns funcionários e funcionárias do TJPE que também representam os avanços que tivemos: Andréia Barros de Souza, Fabiana Paiva dos Santos, Emily Silva, Márcia Passos. Ali se via uma pessoa com deficiência, uma mulher trans e duas mulheres negras. Também na sala, duas jovens, Ana Patrícia e Sheila Patrícia, se revezavam no ato de traduzir para Libras o que as pessoas falavam ao microfone. As ações inclusivas se somaram à iniciativa do Tribunal de confeccionar também em braile as peças gráficas referentes aos seus 201 anos. Sinal dos tempos? Mais que isso. Trata-se do começo, repito, do começo, de uma reparação histórica. Uma reparação histórica que precisa ser alimentada e fortalecida todos os dias.

A sociedade é plural e a justiça deve ser feita de maneira expedita e célere para todos: ricos, pobres, pretos, brancos, PCDs, homens, mulheres, heterossexuais, homossexuais, pessoas trans, católicos, evangélicos, espíritas, umbandistas, ateus etc. As condições de cada um não devem ser um obstáculo. Devem ser, sim, um fator de aproximação, de empatia. Precisamos reconstruir nossa capacidade de diálogo. E o ponto de partida é simplesmente tentar se colocar no lugar do outro. 

É com essa mentalidade que nossos 514 magistrados, 8.042 servidores e 1.700 colaboradores terceirizados buscam hoje sedimentar os próximos 200 anos. 

A compreensão de que todos somos iguais em matéria de direitos e deveres é a semente para um Poder Judiciário mais integrado, mais diverso, mais próximo da população e, principalmente, mais humano.
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Artigo: Des. Luiz Carlos de Barros Figueirêdo - Presidente do TJPE 
Foto: Assis Lima  Ascom TJPE