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Pesquisadores da Unicap engajados em projeto sobre pós-abolição pesquisam no acervo documental do Memorial da Justiça

Pesquisadores consultam arquivos no Memorial da Justiça

Neste mês de dezembro, o Memorial da Justiça do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) vem recebendo pesquisadores do curso de História da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) engajados no projeto Abolição e Pós-abolição em Pernambuco: experiências, trajetórias e direitos (1880-1910). São alunos da graduação sob orientação da professora doutora Maria Emília Vasconcelos. O projeto foi contemplado em edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e, embora o financiamento ainda não tenha sido liberado, os pesquisadores decidiram iniciar os trabalhos desde já, aproveitando o tempo livre das férias.

O projeto vai se desenvolver ao longo de três anos e, neste primeiro ano, todas as pesquisas estarão circunscritas ao Recife. O tema de Anne Raquel da Silva Nascimento é a situação das africanas no pós-abolição. Ela está pesquisando em inventários e testamentos e, junto com a orientadora, decidiu-se por um estudo de caso. Cibely Holanda consulta processos judiciais para levantar informações sobre a violência sexual contra mulheres negras e pardas no início do século XX. Poliana Pinheiro pesquisa o protagonismo feminino no movimento abolicionista do Recife. Rafael Ragner ainda está definindo seu foco, mas tem interesse na imprensa negra.

A professora Maria Emília Vasconcelos vem consultando o acervo de documentos históricos do Memorial da Justiça desde a realização da pesquisa para sua tese de doutorado em História Social pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A tese tratou da abolição e do imediato pós-abolição para os trabalhadores dos engenhos da Zona da Mata Sul de Pernambuco, centrando nos casos de Ipojuca e Escada. Segundo a historiadora, um dos motivos que levaram à concentração da pesquisa nesses municípios foi o fato de o Memorial da Justiça disponibilizar documentos históricos das duas comarcas. “É uma questão de praticidade”, ela explica. “O Memorial é um dos locais do estado em que se encontram um arquivo organizado e profissionais preparados para atender com presteza e agilidade.”

O acervo do Memorial é formado por aproximadamente 165 mil autos de processos judiciais de um período que vai do século XVIII ao século XX. Além disso, a instituição guarda, preserva, organiza e disponibiliza para pesquisa assentamentos de nascimento e de óbito, livros de testamentos e material ligado à história do próprio Tribunal, como fotografias, documentos administrativos e projetos arquitetônicos.

Serviço – Os interessados em consultar essa documentação histórica devem dirigir-se ao Memorial da Justiça, na Avenida Alfredo Lisboa, Bairro do Recife, próximo ao Forte do Brum, e procurar a orientação dos responsáveis pelo atendimento na Sala de Pesquisa. As consultas podem ser feitas sem agendamento de segunda a sexta-feira, das 13h às 18h. Informações através do endereço eletrônico memojust@tjpe.jus.br
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Texto: Anna Santoro | Memorial TJPE
Foto: Ivan Oliveira | Memorial TJPE