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Roda de Diálogos no TJPE conscientiza a evitar relacionamentos abusivos

Próxima edição da “Justiça pela paz em casa acontece em novembro”

Próxima edição da “Justiça pela paz em casa acontece em novembro” 

“Quem ama não maltrata: como identificar a violência nas relações íntimas de afeto” foi o tema da Roda de Diálogo que finalizou a 14ª Semana pela Paz em Casa no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). A Semana é um evento promovido em todo o Brasil pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O encontro de mulheres foi realizado no Hall Monumental do Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Capital, em 23 de agosto. Confira as fotos AQUI. Durante a última semana, também foram realizadas no Metrô do Recife (fotos AQUI) e no auditório do mesmo Fórum (fotos AQUI).

Ao redor do local da roda do diálogo, a Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do TJPE montou um estande com distribuição de material informativo. As peças contêm telefones e endereços de locais e de entidades públicas e privadas que assistem mulheres em situação de violência de gênero.

Entre os folders e banners disponíveis, produzidos pela Assessoria de Comunicação Social do TJPE, foi disponibilizado o folheto Violentômetro – lista que enumera 15 atitudes abusivas de ofensores – separadas em grupo de três com as orientações Cuidado! Reaja! e Peça Ajuda! O rol  indica ações que podem acarretar até na mais perigosa de todos elas: o crime de feminicídio. O violentômetro é uma adaptação da Secretaria da Mulher do Recife ao material elaborado pelo Instituto Politécnico do México.

As defensoras dos Direitos à Cidadania, as artesãs do Instituto Maria da Penha (IMP), a Feira de Mulheres Artesãs da Secretaria da Mulher do Recife, as Mulheres Tapeceiras do Timbi e o Café Caramelo também montaram seus estandes no local.

Durante a Semana da Justiça pela Paz em Casa, também foram feitas atividades no Metrô do Recife

Durante a Semana da Justiça pela Paz em Casa, também foram feitas atividades no Metrô do Recife

Participantes da Roda – Entre as debatedoras do evento, coordenado pela assistente social da Coordenadoria da Mulher, Valéria Santos Paulo, figuraram a supervisora de serviço social do Hospital da Mulher, Leia Valéria de Almeida e Silva; a psicóloga e professora da Universidade Católica de Pernambuco, Maria de Jesus Moura, além de representante do Conselhos Federal e Regional de Psicologia – 2ª Região; a psicóloga da 1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (VVFDM), Paula Targino; e a enfermeira do Centro de Atenção à Mulher Vítima de Violência Sony Santos, Nara Lúcia Leandro Pereira da Silva.

As profissionais do Hospital da Mulher, Leia Valéria e Nara Lúcia, explicaram detidamente o funcionamento do Centro Sony Santos, que atua em rede com delegacias da mulher, conselho titular e entidades que combatem a violência de gênero. O Centro funciona 24h, todos os dias, por demanda espontânea (procura iniciada pela própria vítima), ou por encaminhamentos de hospitais e outras instituições.

“A vítima de violência, inclusive sexual, terá o acompanhamento de médico, assistente social, psicóloga em até oito meses. O Centro atende meninas a partir de 10 anos, e não há exigência de que o fato tenha ocorrido recentemente”, explicou Nara Lúcia. As profissionais tiraram dúvidas das mulheres presentes em relação aos serviços, e forneceram o telefone (81) 2011-0118 do Centro Sony Santos para mais informações.

Também no Fórum do Recife, durante a Semana, houve palestra sobre enfrentamento à violência contra a mulher

Também no Fórum do Recife, durante a Semana, houve palestra sobre enfrentamento à violência contra a mulher

Pelo direito de dizer "Não" – A psicóloga da 1ª VVFDM da Capital, Paula Targino, defendeu que o processo histórico e cultural de nosso tempo dificulta a mulher a dizer “não”, garantindo o respeito de outros e outras ao seu corpo, seu espaço, e seu lugar no mundo. “O sentimento excessivo de ciúmes, muitas vezes, é encarado como demonstração de afeto por muitas mulheres. Elas aprenderam a ‘romantizar’ atitudes de posse, humilhação e de controle por parte de seus companheiros, como também os parentes homens”, disse.

Para ela, o apoio da comunidade e das instituições públicas às demandas das vítimas de violência de gênero é o caminho para que elas aprendam a dizer ‘não’, tomando consciência de sua liberdade enquanto indivíduo, e não desistindo do diálogo com a família e a sociedade acerca de seus sonhos e dilemas.

A psicóloga Maria de Jesus considera que muitas mulheres têm dificuldade em identificar que está em um relacionamento abusivo. “O comum é que pessoas próximas ou a família dessa mulher denunciem o fato. Portanto, é primordial ensiná-la que se há muitas atitudes abusivas em sequência com quem ela se relaciona, seguindo a metodologia do violentômetro, por exemplo, a possibilidade de o ofensor agredi-la aumenta gradativamente.

Gaslighting – A psicóloga exemplificou uma atitude abusiva, sinalizada no violentômetro como uma das cinco atitudes que orienta a vítima a ficar alerta, ter cuidado: chamar a mulher de louca. Maria de Jesus narrou a história de uma peça de teatro intitulada Gas Light, lançada em 1938 por Patrick Hamilton. O filme homônimo no Brasil recebeu o nome de À Meia Luz nos anos 40 do século passado.

Na história, o marido, com a conivência de criados, e sem a anuência de sua esposa – que já se encontrava em cárcere privado – abaixava a luminosidade de candeeiros. Quando a mulher notava que a luminosidade estava cada vez mais baixa no ambiente, o marido e os criados a desmentiam, levando-a a duvidar de sua própria saúde mental.

“Muitas mulheres subestimam as atitudes negativas de homens a quem estão ligadas afetivamente, ou superestimam o seu relacionamento com eles. É tudo que os manipuladores precisam para lhes perpetrar um possível abuso, agressão, ou mesmo, atentar contra a sua vida com muita facilidade”, lembrou a psicóloga Maria de Jesus.

Jaboatão – Também em 23 de agosto, na Faculdade dos Guararapes UniFG, integrantes da VVDFM de Jaboatão dos Guararapes participaram de evento em comemoração aos 13 anos da Lei Maria da Penha. A unidade judiciária foi representada pelo juiz Renato Dibachti, que participou de debate com integrantes do Comitê de Monitoramento da Violência e do Feminicídio do Território de Suape (Comfem) e da Rede de Proteção às Mulheres.

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Texto: Izabela Raposo | Ascom TJPE
Fotos (Roda de Diálogo): Silla Cadengue | Cacoete Produções | Ascom TJPE
Fotos (Palestra): Guilherme Guimarães | Cacoete Produções | Ascom TJPE
Fotos (Metrô): Assis Lima | Ascom TJPE