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Projeto Parêia: estudantes do 6° ano de escola municipal celebram encerramento do 1º Rolê Restaurativo do TJPE

Estudantes jogando a bola para o altoApós colocar sonhos nas bolas, estudantes jogam ela para o alto

“O sonho representa a realização de um desejo”. A frase do pai da psicanálise Sigmund Freud resume bem a reflexão feita por alunos e alunas do 6° ano da Escola Municipal Professor José da Costa Porto durante o fechamento das atividades do Projeto Parêia em 2023 no local, realizada na sexta-feira (24/11). Desenvolvido pelo Núcleo de Justiça Restaurativa da Coordenadoria da Infância e Juventude (CIJ) do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), o Projeto Parêia: cultura de paz, literatura e pertencimento tem como propósito apoiar e promover iniciativas institucionais e educativas no âmbito da Cultura de Paz por meio dos princípios, valores e procedimentos da Justiça Restaurativa. A ação marcou o encerramento do 1º Rolê Restaurativo do Tribunal de Justiça de Pernambuco ((TJPE), que integra a Semana da Justiça Restaurativa Nacional, promovida entre 21 a 24 de novembro. 

A coordenadora da Infância e Juventude, juíza Hélia Viegas, afirma que o projeto é um grande passo para a consolidação da cultura de paz e da justiça restaurativa no âmbito da educação formal e não formal. “Nossos(as) jovens e a sociedade como um todo precisam da cultura de paz e da consolidação da justiça restaurativa como forma de ampliar mais a educação no para o respeito às individualidades e às diferenças que constrói uma sociedade igualitária e respeitosa a todos(as) os cidadãos(ãs)”, destacou. “Nosso desejo é de que nossos(as) jovens consolidem o seu desenvolvimento na cultura de paz e de respeito ao próximo”, completou a magistrada.

No último encontro do ano, os(as) estudantes celebraram os círculos de conversa construção de paz realizados no decorrer de 2023 através de uma dinâmica onde puderam externar um sonho. A atividade “Balão dos Sonhos” consistiu em escrever um desejo, colocá-lo numa bola de aniversário e jogá-lo para o alto, misturando-os. Após uma breve conversa sobre eles, todos foram guardados numa caixa para serem revisitados no decorrer do projeto. “A temática do sonho é importante porque normalmente esta é uma população que não é estimulada a sonhar. Eles passaram o ano todo trabalhando temáticas específicas e elas também dizem um pouco do desejo deles. Este é o momento de celebrar a possibilidade deles realizarem o que eles colocaram o ano todo com o trabalho dos círculos”, explicou a servidora da CIJ, Danielle Sátiro.

Uma das alunas do 6° ano tem 11 anos e um sonho: “quero ser jogadora de futebol e atuar em um clube grande”. Durante a atividade, ela não só escreveu o seu sonho, como aproximou a bola, entregue pelas facilitadoras, da sua cabeça fazendo o seu pedido com bastante sentimento. “Eu pedi para o meu sonho se realizar. Desde pequena, eu oro todos os dias e peço para virar uma grande jogadora de futebol”, disse. A estudante já começou a dar os primeiros passos na realização do seu grande desejo ao começar a treinar num dos times de futebol pernambucano na semana passada.

Estudantes participam de atividade sobre sonhos
Estudantes são convidados(as) a externar seus sonhos durante atividade do Projeto Parêia  
 

A psicóloga da CIJ, Kátia Assad, explica que o projeto na escola iniciou em março com as meninas e depois foi estendido para todos estudantes dos 6° anos no segundo semestre. “Os meninos pediram. Eles viram as alunas vindo para as atividades e pediram para participar também. A ideia era integrar, mas a quantidade é muito grande para a equipe disponível”, relata. De março a novembro, foram realizados, com apoio da Coordenação Pedagógica da escola, 44 Círculos de Construção de Paz com os(as) estudantes e cinco com professores(as), equipe pedagógica e rede de proteção e garantia de direitos, contemplando um total de 199 pessoas beneficiadas. Além de Maria Teresa Sampaio e Kátia Assad, participaram da atividade as servidoras Danielle Sátiro, também lotada na CIJ, e Silvana Calábria da Coordenadoria Estadual de Família (Cefam).

Nos círculos foram abordados os temas: Como praticar o uso do objeto da palavra; Limite pessoal; Construindo Consenso; Tempo Emocional; Objeto da Palavra é Muito Precioso; Demonstrar Gratidão e Consideração; Luto: lidando com a dor da perda; Identificar a rede de apoio; O que te provoca raiva; Quem sou eu de verdade; Círculo de valores; Mascarando a dor; Afinal, o que é felicidade; Buscando nossa melhor versão.

A gestora da Escola Municipal Professor José da Costa Porto, Selme Figueiroa, ressalta que o projeto vem dando bons frutos e deseja não só dar continuidade à iniciativa no próximo ano, mas também estendê-la a outras turmas. “Com os meninos houve uma diferença. Ficaram mais calmos e estão brigando menos entre eles”, disse. “Já conversei com a equipe, pedindo que venham em janeiro para continuar esse trabalho com outras séries”, completou. Atualmente a escola possui 14 turmas, divididas do 4° ao 9° ano e da turma de educação de jovens adultos (EJA). Em 2024, a unidade de ensino terá 17 turmas.

O Projeto Parêia: cultura de paz, literatura e pertencimento atende à Resolução 458/22 do Conselho Nacional de Justiça, e se alia à Política Municipal de Cultura de Paz e Justiça Restaurativa do Recife, instituída pela Lei Municipal 18.850/21. Entre os parceiros da iniciativa promovida pela Coordenadoria da Infância e Juventude estão a Coordenadoria Estadual de Família do TJPE, o Núcleo de Enfrentamento à Violência Escolar (Neve) e o Projeto Escola que Protege da Prefeitura do Recife, e a ONG Grupo Ruas e Praças.

A atividade encerrou o 1º Rolê Restaurativo, que ocorreu dentro da Semana Nacional de Justiça Restaurativa nas Comarcas do Recife, Moreno e Caruaru, promovido pelo Núcleo de Justiça Restaurativa (NJR) da Coordenadoria da Infância e Juventude-CIJ em parceria com o Órgão de Macrogestão da Justiça Restaurativa do TJPE e parceiros da Rede de Justiça Restaurativa de Pernambuco.

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Texto: Cláudia Franco | Ascom TJPE
Fotos: Assis Lima | Ascom TJPE