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Criação, facilitação e coordenação de grupos reflexivos e responsabilizantes para homens autores de violência contra as mulheres

A Escola Judicial de Pernambuco (Esmape) realizou, esta semana (dias 8, 9 e 10/7), o curso “Criação, facilitação e coordenação de Grupos reflexivos e responsabilizantes para homens autores de violência contra as mulheres”. A vice-diretora-geral da Esmape e coordenadora da Mulher do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), desembargadora Daisy Andrade Pereira, esteve presente na abertura do curso para apresentação do professor Adriano Beiras e para as boas-vindas aos participantes, realçando a importância da participação das servidoras e servidores do TJPE bem como de outras instituições parceiras e integrantes do sistema de justiça.

Confira as fotos da formação AQUI.

A magistrada apresentou o vasto currículo do docente Adriano Beiras, professor da Faculdade de Psicologia da Universidade de Santa Catarina, com pós-doutorado pela Universidade de Barcelona e referência nacional em estudos de combate à violência doméstica. Estudos de sua autoria alicerçaram recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a tribunais de todo o País, quanto à implantação de programas voltados à reflexão e responsabilização de homens autores de violência doméstica e familiar.

Os participantes conheceram e exploraram particularidades dos grupos reflexivos em questões de gênero, com ênfase em masculinidades e modelos de intervenção alinhados aos critérios mínimos e diretrizes de grupos pioneiros. Também foram envolvidos em discussões de modos de intervenção, potencialidades e vulnerabilidades e participaram de oficinas em formato de grupos reflexivos com futuros facilitadores, abordando temas teóricos do curso. Também conheceram técnicas de manejo de grupos reflexivos.

Daisy Andrade Pereira destacou a importância da formação como um progresso significativo: "A realização do curso representa um grande avanço na perspectiva de enfrentamento à violência contra a mulher, pois realça a preocupação do Poder Judiciário Pernambucano, através da Coordenadoria da Mulher, em lançar o olhar para causa da violência, decorrente de uma masculinidade tóxica” afirmou a magistrada.

O professor Adriano Beiras ressaltou a importância não só da formação, mas da troca de conhecimentos: “Conversamos e expomos ideias, trouxemos os problemas e as dúvidas”, colocou, completando: “Espero que se siga com essa curiosidade genuína em várias questões, fazendo pergunta e envolvendo essa rede de contatos, para a gente continuar dialogando. Eu acho que há experiências ricas e específicas aqui de Pernambuco, que precisam ser contadas”.

A coordenadora da Mulher lembrou que a iniciativa contou com o irrestrito apoio da Esmape e conseguiu reunir, além de integrantes do TJPE, outros parceiros como Ministério Público, Defensoria e as secretarias estaduais de Planejamento e Gestão e de Administração Penitenciária e Ressocialização. A realização do curso atende a Recomendação CNJ 124/22 no sentido da criação e manutenção de programas voltados à reflexão e responsabilização de agressores autores de violência doméstica e familiar, explicou a desembargadora.

A aluna Isabel Sampaio, psicóloga do Centro de Acompanhamento de Alternativas Penais da 4ª do Juizado Especial Criminal do Estado, ressaltou os impactos positivos dos conteúdos: “É uma formação importante, porque amplia a nossa forma de pensar, proporciona ideias para utilizar em nossas atividades e prepara a gente para executar da melhor forma”, disse.

A participante Jacilene Ferreira, assistente social da Defensoria do Estado, enfatizou a pertinência de expandir a iniciativa: “Ela deve ser levada para outras instâncias, onde as questões da violência e do machismo não afetam apenas as mulheres atendidas, mas as profissionais que estão acolhendo as vítimas”, destacou.

O curso teve a duração de três dias, totalizando 20 horas de carga horária, e foi direcionado a servidoras e servidores do judiciário e membros de instituições que interagem com a Justiça estadual na área. O objetivo principal foi capacitar profissionais para trabalharem com grupos de homens autores de violência contra as mulheres, integrando teoria e prática. Os temas abordados incluíram estudos de gênero, feminismo, masculinidades e metodologias reflexivas, visando compreender a construção social das violências de gênero e possibilitar intervenções transformadoras.

Cristiane Cavalcanti, assistente social do Ministério Público (MP), compartilhou sua experiência na formação, destacando o impacto positivo nas atividades do órgão para o qual atua: "O curso ajuda muito na ampliação de discussões, permitindo o aprofundamento na temática. Como trabalhamos no MP com demandas do direito da família e do direito da criança, é muito importante ter mais esse enfoque", concluiu.

Sandra Alves, servidora do TJPE das 3ª Vara da Infância e Juventude, resumiu: "O curso surgiu em boa hora para entender o aumento nos atos infracionais ligados à questão da violência contra a mulher, nos casos dos adolescentes atendidos no Núcleo de Apuração de Processo de Conhecimento, e como trabalhar com esses adolescentes até mesmo no sentido de prevenção para evitar essas violências na fase adulta". Daniela Luigi, da 4ª Vara da Infância e Juventude, já quer replicar o que aprendeu: “O curso nos fez pensar em um projeto piloto, para replicar o que foi debatido adaptando para grupos reflexivos com os adolescentes”, disse.



Ao encerrar o ciclo de formação, a desembargadora Daisy Andrade Pereira agradeceu a presença de todos: "Quero agradecer a todas as pessoas que participaram, todos os órgãos presentes que são muito relevantes para o sistema de Justiça. O poder judiciário fica à disposição para futuras atividades". Ela também, em nome da Escola Judicial (Esmape), entregou ao professor Adriano Beiras um quadro do artista pernambucano J. Borges.
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Texto: Aryagne Lopes | Esmape/TJPE
Fotos: Joelton Silva | Esmape/TJPE