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Há quatro anos, aos sábados, o ambiente da Escola Judicial de Pernambuco (Esmape) ganha um público diferente. Nas salas de aula, alunos do ensino médio da rede pública que tentam uma vaga no ensino superior, via cursinho Transforma. A atividade, totalmente gratuita, já conseguiu ajudar dezenas de estudantes cotistas a realizar o sonho de entrar em faculdades da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Universidade de Pernambuco (UPE). O diretor-geral da Esmape, desembargador Jorge Américo, diz que manter o transforma na Escola é uma alegria: “Um projeto que nos encanta e nos engrandece”, define, e garante: “Ele terá sempre nosso apoio”.
O projeto do curso surgiu no período da pandemia do Covid-19, para ajudar jovens da Educação pública prejudicados pela suspensão das aulas por longo período devido ao isolamento. A iniciativa partiu do casal formado pela advogada Tatiane Guedes e pelo engenheiro Gastão Cerquinha Neto, ambos servidores públicos e recém-formados, na época. Com a ideia na cabeça, eles buscaram adesões de ex-colegas de faculdade para formar o time de professores. Baseados nas próprias dificuldades enfrentadas, vários deles se entusiasmaram e disseram “sim” ao chamado para ajudar.
O projeto ganhou a empatia do supervisor da Esmape, juiz Silvio Romero Beltrão, que soube da proposta no ambiente da UFPE, onde atua como professor de Direito. O magistrado conseguiu viabilizar o uso da estrutura junto à direção-geral da Escola e a primeira turma foi iniciada ainda em 2021. O ambiente confortável e bem equipado da Esmape foi fundamental para o sucesso da iniciativa. O próprio magistrado se integrou aos esforços didáticos, com aulas sobre temas variados para ajudar quanto aos conhecimentos gerais importantes nas provas de redação.
O voluntariado garante suporte não só para aulas. A servidora Maria Monteiro e o servidor João Maria de Sousa, ambos da Esmape, assim como a servidora do TJPE Andrea Pontes, da 18ª Vara Cível, se responsabilizam por captar recursos financeiros e humanos. Esse esforço viabiliza materiais didáticos, transporte e lanches. A equipe está todos os sábados na Esmape, na retaguarda para a organização das aulas, de brindes sempre presentes, e do lanche - servido fresquinho, bem embalado, comprado nas primeiras horas do dia.
Até apoio psicológico faz parte dos cuidados: sim, conseguiu-se também psicólogos entre voluntários para o suporte aos estudantes. “O acolhimento humanizado é essencial, porque nossos alunos vêm de situações diversas, alguns pressionados por pais a dedicarem-se mais ao trabalho e menos aos estudos, por questões de sobrevivência”, explica Maria Monteiro.
O sucesso do curso pode ser comprovado pelos resultados alcançados no ano passado: mais de um terço da turma concluinte foi aprovada em faculdades públicas. Alguns tiveram inclusive boas colocações, apesar de todas as dificuldades vividas por alunos cotistas - vindos do ensino público, alguns ainda autodeclarados pretos, pardos ou membros de famílias de baixa renda.
Para conciliar perfis heterogêneos de alunos, inclusive vindos de diferentes escolas, o Transforma foi sendo induzido a criar um método diferenciado de ensino. Explica Cerquinha: “A ideia foi conseguir passar o denso conteúdo do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) e da UPE com mais leveza, para evitar a evasão”.
Nas aulas, o professor assume o papel de técnico, os alunos se tornam atletas e a turma é dividida em times, cada qual identificado por cores diferentes de coletes. A aula ganha ares de campeonato - com direito a distribuição de chocolates entre a equipe mais bem pontuada - que sempre divide o “prêmio” com os demais após o fim da aula. O jogo traz a atmosfera descontraída e instigante do esporte. Assim, o aprendizado ganha valores de dedicação, disciplina e persistência, de forma natural, desenvolvendo habilidades importantes no processo de preparação.
Os professores envolvidos têm conhecimentos em programação e eletrônica, o que possibilitou a criação de atividades interativas em modalidade remota - onde alunos podem também tirar dúvidas. Tudo contribui para o impacto positivo do Transforma na vida dos estudantes. Essa equipe vem mudando destinos não só de pessoas, mas de famílias inteiras que testemunham o quanto um compromisso de cidadania pode fazer a diferença.
DEPOIMENTOS
Adriel Ramalho (estudante)
“O projeto começa tudo do zero e vai se aprofundando. As aulas presenciais são ótimas, muito interativas, todos conseguem participar e treinar muito. O espaço da Esmape também é muito bom, inclusive com o fornecimento de um ótimo lanche. Eu não vinha muito bem na escola e o Transforma vem me ajudando muito. Os professores interagem entre si e deixam a aula leve, descontraída, e até engraçada, o que faz com que todos se enturmar mais e descontrair, o que é ótimo até para o aprendizado”.
Thaís da Silva Lima (monitora, ex-estudante)
“O projeto Transforma é importante: eu me sinto, hoje, muito preparada. O apoio e o acolhimento me transformaram inclusive como pessoa. A gente sente o esforço dos professores, não só com preparo, mas com amor e acolhimento. É um projeto que está para dar oportunidade a quem quer ingressar no ensino superior, independente da classe, onde o estudante está inserido. A gente sente a responsabilidade dos professores em ajudar, o que facilita o aprendizado. A gente sente que tem uma equipe para cuidar da gente.Gosto muito da Esmape, muito confortável, bem estruturada, que é uma vivência importante pra gente, fazendo com que a gente se sinta acolhido.Gostei tanto do curso que quis continuar como monitora!”.
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Texto: Redação Ascom Esmape
Fotos: Divulgação