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Corte e Recomeço: profissionalização para mulheres egressas do Sistema Prisional em Caruaru


 

Com o objetivo de proporcionar formação profissional na área da beleza para mulheres egressas - pessoas que saíram do sistema penitenciário após cumprirem a sua pena, e familiares de pessoas egressas, foi lançado na terça-feira 25/03, no Centro de Convenções do Senac, em Caruaru, o Projeto “Corte e Recomeço”. 

O projeto é resultado de um trabalho de articulação contínuo iniciado entre 2020 e 2021, com a criação do Fundo Municipal de Políticas Penais de Caruaru e a implantação do Escritório Social na cidade, fruto da colaboração entre o TJPE, a Prefeitura de Caruaru, a Faculdade Asces Unita e o Programa Fazendo Justiça do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Mais recentemente, o Ministério Público do Trabalho (MPT) destinou recursos provenientes de multas trabalhistas que viabilizaram a contratação do Senac para a realização da capacitação. 

A formação, iniciada em março, terá duração de quatro meses e será dividida em cinco etapas. Sendo a primeira delas um curso de qualificação profissional de cabeleireira assistente, com 230 horas/aula. A segunda etapa irá proporcionar oficinas socioemocionais, de inovação e tecnologia. A terceira, irá focar no aperfeiçoamento profissional das participantes, com cursos básicos de maquiagem e de corte de cabelo e escova. 

A solenidade de lançamento contou com representantes das instituições parceiras. Já no início, a gerente do Senac em Caruaru, Michelliny Almeida, destacou a satisfação em receber a iniciativa e dar a essas mulheres uma perspectiva de vida diferente, um recomeço. 

Em seguida, a juíza da 3ª Vara Regional de Execução Penal, Lorena Victorasso, enfatizou a necessidade de promover um olhar mais empático a mulheres em situação pós-cárcere, considerando as dificuldades que enfrentam e seu papel na estrutura familiar. “A passagem pelo cárcere deixa marcas profundas na vida da pessoa egressa e nas suas famílias. As dificuldades para a reintegração social são significativas, por isso, instituições e sociedade precisam estar comprometidas. O projeto foca no público feminino que enfrenta vulnerabilidades específicas e tem papel fundamental na estruturação de suas famílias. Ao apoiar essas mulheres, esperamos contribuir para uma sociedade mais justa e inclusiva”, finaliza.

Durante a solenidade de lançamento, a assistente técnica estadual do Programa Fazendo Justiça, Jackeline Florêncio, ressaltou a importância de o Estado ocupar esse papel ativo na promoção do direito à educação e ao trabalho das pessoas que tiveram a experiência da privação de liberdade. “Esse tipo de iniciativa concretiza a missão institucional do Estado de garantir direitos, integrando também os interesses e fortalecendo a autonomia das mulheres que vão participar do curso. Esperamos que esse seja um piloto e possa ser expandido também para mais mulheres, o que trará benefícios para muitas famílias”, afirma. 

Logo após, a vice-prefeita de Caruaru, Dayse Silva, também ressaltou o valor da formação e a alegria de fazer parte de um projeto que proporciona um recomeço para mulheres egressas. “Estamos muito felizes de poder entregar esse projeto para 20 mulheres, que vão ter oportunidade de recomeçar e trilhar um novo caminho. Também estamos felizes em entregar essa responsabilidade ao Senac para cuidar delas. Ficamos com o coração aquecido de fazer o bem na vida dessas pessoas”.

Para finalizar a solenidade, foi realizado um bate-papo com uma das egressas que finalizou um dos cursos do Senac após deixar o Sistema Prisional, ela compartilhou parte de sua trajetória, contando como a realização do curso profissionalizante transformou sua vida. Em seguida, o psicólogo doutor em Psicanálise e professor do Senac, Armando Nascimento, ministrou a palestra sobre o tema “É hora de Recomeçar”, marcando a aula inaugural do projeto.

A analista da Diretoria de Projetos Estratégicos do Senac, Sara Almeida, enfatizou que o projeto vai além da capacitação técnica. “Trata-se de um processo de empoderamento e reconstrução de vida. O conhecimento adquirido aqui será uma ferramenta para que essas mulheres tenham autonomia e novas oportunidades”, afirmou.

Critérios de participação:

Para ingressar no projeto, as participantes precisaram atender a critérios específicos, como serem acompanhadas pelo Escritório Social, demonstrar interesse na área, disponibilidade para frequentar as aulas e compromisso com a formação.

O Projeto Corte e Recomeço reforça a importância da educação profissional como instrumento de reinserção social e inclusão produtiva, promovendo a autonomia e o fortalecimento das mulheres em situação de vulnerabilidade.

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Texto: Victória Brito | Ascom TJPE
Foto: Cortesia