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O auditório da Coordenadoria da Infância e Juventude (CIJ) do Tribunal de Justiça de Pernambuco foi palco de uma emocionante cerimônia. Dez adolescentes se despediram oficialmente do Projeto Jovem Aprendiz após completarem dois anos de aprendizado e crescimento profissional no TJPE.
Durante o programa, os jovens vivenciaram a prática profissional em diversos setores do Tribunal - desde gabinetes de desembargadores até secretarias e departamentos técnicos. Esta imersão proporcionou não apenas conhecimento técnico, mas também o desenvolvimento de habilidades interpessoais e a compreensão do funcionamento do Poder Judiciário.
A cerimônia de encerramento revelou, através de relatos emocionantes, como o programa se tornou um porto seguro e um catalisador de transformações profundas na vida de cada um dos participantes.
Entre lágrimas contidas e sorrisos de gratidão, Júlia Nascimento abriu seu coração ao compartilhar como o programa iluminou um dos períodos mais sombrios de sua trajetória pessoal. "Cheguei aqui carregando o peso da separação dos meus pais, com o coração apertado e receosa de enfrentar preconceitos por toda minha história", confidenciou com a voz embargada. "Mas o que encontrei foi exatamente o oposto – acolhimento e descobertas. Através do Cine Aprendiz e dos Círculos de Leitura, desvendei em mim uma paixão pela literatura que jamais imaginei existir. Saio daqui não apenas com um certificado, mas com uma nova versão de mim mesma."
Com os olhos brilhantes de quem contempla o próprio amadurecimento, Isaías da Silva Júnior refletiu sobre sua jornada de autodescobertas. "Quando cruzei aquelas portas pela primeira vez, era apenas um moleque enfrentando dificuldades, inclusive financeiras", recordou com um sorriso tímido. "Hoje me despeço como alguém que aprendeu a enxergar além dos obstáculos, a valorizar conexões genuínas e a sonhar mais alto. Carrego comigo não apenas aprendizados técnicos, mas a esperança de um dia reencontrar essas pessoas que me ajudaram a crescer."
João Gabriel, que ingressou no programa ainda na adolescência inicial, aos 15 anos, compartilhou como o respeito e reconhecimento moldaram sua autoestima durante uma fase crucial de formação de identidade. "Desde meus primeiros passos aqui, senti-me verdadeiramente visto e valorizado, algo extraordinário para alguém tão jovem", relatou com notável maturidade. "As experiências nos Círculos de Leitura e no Cine Aprendiz abriram horizontes que a educação formal, sozinha, jamais poderia proporcionar. Foi como ganhar novas lentes para enxergar o mundo."
Entre soluços que escapavam entre as palavras, Dominique Lee Silva Xavier não conseguiu conter a emoção ao descrever como encontrou seu propósito através do programa. "Cada momento vivido aqui ficará eternizado em minha memória", declarou enquanto secava as lágrimas que teimavam em cair. "Foi no setor de arte da Ascom que finalmente me encontrei, onde minha paixão pelo desenho ganhou asas e propósito. O que para alguns pode parecer apenas um trabalho, para mim representou o despertar de um sonho que sempre habitou meu coração, mas que eu não sabia como alcançar."
Além da Formação Profissional
Um diferencial destacado foram as atividades complementares oferecidas pelo programa. O Cine Aprendiz, conduzido por Maria de Jesus, e os Círculos de Leitura, realizados pela equipe da Justiça Restaurativa da CIJ, foram frequentemente citados como experiências transformadoras que expandiram horizontes e despertaram novos interesses.
Estas iniciativas transcenderam a formação técnica, contribuindo para o desenvolvimento cultural e pessoal dos participantes. Para muitos, como revelado nos depoimentos, estas atividades representaram o primeiro contato significativo com a literatura e o cinema como formas de expressão artística e reflexão.
A cerimônia contou com a presença de supervisores que acompanharam os jovens durante o período, incluindo representantes de diversos setores: Mariana Araújo, Mariana Aguiar, Alana Costa, Eliseu Magno Carneiro, Adriana Mendonça e Maria de Jesus, além de boa parte do corpo técnico da Coordenadoria da Infância e Juventude. A servidora Alzilaine Gomes, responsável da CIJ pelo programa, não escondeu seu contentamento ao finalizar essa etapa com tantos relatos de vida.
A coordenadora adjunta Carla Malta, representando o desembargador Élio Braz Mendes, emocionou a todos com sua mensagem: "Fico muito satisfeita em ouvir tantos testemunhos carregados de emoção. Só quero desejar uma linda jornada a todos. E digo que todos nós enfrentamos dificuldades na vida, mas não precisamos nos entregar a elas. E esse programa conclama a andarmos juntos. Um ajudando o outro."
Para os dez jovens que se despedem, fica a certeza de que levam consigo muito mais que certificados – levam sonhos renovados, amizades construídas e a confiança necessária para trilharem seus próprios caminhos.
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Texto e Fotos: Ana Paula Santos | CIJ