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Apadrinhamento: gestos simples que podem transformar dor em esperança

Seis crianças brincam em circuito de obstáculos montado no chão

Professor formado em Educação Física Messias José dos Santos realiza o apadrinamento profissional no município de Palmares 

A cada 15 dias, Messias José dos Santos dedica um pouco do seu tempo para realizar atividades físicas e brincadeiras com crianças e adolescentes de uma instituição de acolhimento do município de Palmares, na Zona da Mata pernambucana. O jovem aderiu ao Programa de Apadrinhamento Laços de Afeto, implantado pela Vara Regional da Infância e Juventude da 6ª Circunscrição, no intuito de promover o bem e ajudar outras pessoas. Utilizando as habilidades ligadas à formação em Educação Física, Messias beneficia não só as 39 crianças e adolescentes que estão aptos a serem apadrinhados, por já terem concluído o estágio de destituição do poder familiar, como também todos os 78 acolhidos na instituição atualmente, que acabam participando das atividades. Confira as fotos em https://photos.app.goo.gl/CjStCM9VKXQ2UHf3A

A realidade dos que esperam por uma adoção passa pelo enfrentamento a privações afetivas e sociais. Às vezes, o apoio pode vir com gestos simples, sem a necessidade de recursos financeiros, mas que ajudam a preencher um pouco o vazio deixado pela desestruturação e abandono familiar. Messias dos Santos, que é pai de uma menina, trabalha como assistente administrativo na Defensoria Pública de Pernambuco (DPPE), localizada no fórum da cidade, e utiliza os finais de semana livres para ajudar da maneira que pode. “Acredito que a vivência de jogos e brincadeiras é a melhor opção para o desenvolvimento das crianças, porque ajuda em todos os aspectos, como sistema muscular, sistema nervoso, entre outros. Cada sorriso de uma criança é um motivo para eu continuar realizando essas atividades. Me sinto realizado e sei que estou no caminho certo”, conta o jovem de 26 anos.

A forma de contribuir adotada por Messias dos Santos é a modalidade de apadrinhamento profissional. Esse modelo consiste no oferecimento voluntário de serviços como consulta médica, psicológica, odontológica; aulas de música ou reforço; cortes de cabelo e demais necessidades que podem ser atendidas pelos padrinhos através da oferta do seu próprio trabalho, de acordo com a necessidade de cada criança e adolescente.

Outra forma de participar é por meio do apadrinhamento provedor, em que é oferecido suporte material ou financeiro, através de doação de material para suprir uma necessidade do afilhado(a) ou por meio de contribuição financeira mensal, que será utilizada em gastos com escola, reforço escolar, curso profissionalizante ou tratamentos na área de saúde, prática de esportes, entre outras atividades. Também é possível oferecer um suporte material ou financeiro à própria instituição acolhedora para ser utilizado na compra de equipamentos e outros materiais ou serviços necessários à boa prestação do serviço de acolhimento. O apadrinhamento financeiro, como também é chamado, pode ser adotado por pessoas físicas ou empresas que queiram ajudar.

Para aqueles que se dispõem a manter um laço de maior aproximação com as crianças e adolescentes, é possível aderir à modalidade do apadrinhamento afetivo, em que os padrinhos podem realizam visitas regulares aos afilhados na própria instituição, ou levá-los para passar finais de semana, feriados ou férias escolares em sua companhia, possibilitando que eles tenham acesso ao convívio em família. O objetivo é de que os padrinhos afetivos acompanhem, orientem, assistam e apoiem o desenvolvimento educacional e o projeto de vida dos afilhados.

O coordenador da Infância e Juventude do TJPE, desembargador Luiz Carlos Figueiredo, reconhece que, diante das dificuldades enfrentadas para a efetivação das adoções tardias, é necessário que se criem alternativas para que o acolhimento aconteça de maneira menos traumática. “Sabendo-se que, por diversas razões, inúmeras crianças e adolescentes estão hoje em instituições de acolhimento sem condições de retornarem a família natural ou família extensa e sendo praticamente improvável que consigam uma adoção, ou qualquer forma de família substituta, o apadrinhamento é uma grande alternativa. Pernambuco vem trabalhando com um modelo diferenciado em relação ao resto do país. Com isso estamos montando uma rede protetiva bem mais ampla, adequada e segura”, destaca o magistrado.

O Laços de Afeto, da Comarca de Palmares, é um dos diversos programas de apadrinhamento existentes no estado. O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) possui iniciativas que abrangem todas as comarcas pernambucanas. Uma delas é o programa “Pernambuco que Acolhe”, desenvolvido por meio da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja/PE), que atende crianças e adolescentes onde não há um programa específico.

Para se cadastrar no programa, os pretendentes podem preencher a ficha de inscrição online, no site do TJPE. Após o preenchimento, uma equipe especializada entrará em contato para marcar a entrega do restante da documentação, a realização da entrevista e a efetivação do apadrinhamento. A adesão ao programa não implica vínculo jurídico entre os padrinhos e os afilhados. Poderão ser apadrinhados maiores de 10 anos de idade ou, independe de faixa etária, crianças e adolescentes com deficiência. Saiba mais detalhes AQUI.

Para as cidades onde existe um programa próprio de apadrinhamento, o interessado deve comparecer à Vara da Infância e Juventude de sua comarca para se inscrever. Além das Unidades do Recife, é possível se inscrever nos fóruns de Olinda, Paulista, Abreu e Lima, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Vitória de Santo Antão, Palmares, Caruaru, Serra Talhada, Salgueiro e Petrolina. Confira os telefones e endereços AQUI.

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Texto: Amanda Machado | Ascom TJPE
Fotos: Guilherme Guimarães | Cacoete Produções | Ascom TJPE
Material gráfico: Publicidade e Design | Ascom TJPE