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TJPE promove palestra sobre violência contra crianças e adolescentes para estudantes da UFPE

Estudantes assistindo à palestra
Palestra foi realizada nesta quarta-feira (24/8) para estudantes do curso de Geografia

Com o objetivo de  instrumentalizar os futuros professores com o conhecimento sobre a violência contra crianças e adolescentes; como identificá-la; o papel da escola como espaço de apoio, acolhimento e revelação desses fatos; o Tribunal de Justiça de Pernambuco, por meio do Centro de Referência Interprofissional na Atenção a Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência da Capital (Criar), promoveu, nesta quarta-feira (24/8), uma palestra sobre o assunto para alunos do curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A palestra, intitulada O papel do professor em sala de aula na identificação da violência contra crianças e adolescentes, foi realizada pela assistente social e integrante do Criar, Patrícia Gonçalves, e aconteceu no Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFPE.

Durante a exposição, Patrícia fez uma breve apresentação sobre a concepção da infância e suas mudanças com o decorrer do tempo; os movimentos de redemocratização; o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que substituiu o Código de Menores; e destacou a importância do educador e da instituição de ensino como um ponto de apoio para a criança ou  adolescente. "É importante que o professor, como uma pessoa de referência, possa perceber e se aproximar, estabelecendo uma relação de confiança de modo que a criança ou adolescente sinta-se à vontade para conversar a respeito do que possa estar acontecendo”, explicou a assistente social. 

A servidora do TJPE também explicou às alunas e aos alunos como deve ser realizado o procedimento desde a suspeita de que há algo diferente com a criança ou adolescente até o andamento do processo judicial, caso o crime seja confirmado. Dentre os sinais que são apresentados nas pessoas que sofrem ou sofreram a violência estão sofrimento, tristeza, apatia, desinteresse pela vida acadêmica/escolar, a queda no rendimento, o comprometimento cognitivo, além de atos de automutilação, agressividade e vivências de conflitos voltados tanto para os colegas quanto para os profissionais da escola. 

De acordo com a coordenadora do curso de Licenciatura em Geografia, Talitha Lucena de Vasconcelos, e do vice-coordenador do curso de Licenciatura em Geografia à distância, Daniel Rodrigues de Lira, a ideia do evento surgiu para preparar melhor os futuros professores e diante das experiências das alunas e dos alunos durante o estágio.  “Por mais que a gente tenha uma abertura e tente dialogar com a criança ou adolescente de diversas formas, muitas vezes não é visível para nós professores o que está se passando. Esta palestra vai nos dar uma visão melhor, inclusive de como o professor deve lidar com essas situações, para que ele esteja respaldado não só juridicamente, mas também dentro do ambiente escolar”, disse Talitha. “Os alunos iam para o estágio e voltavam com essas questões por estarem percebendo na escola essas situações de vulnerabilidade e assédio. A palestra foi pensada como uma forma deles saberem o que podem fazer e a quem recorrer”, explicou Daniel. 

Patrícia demonstrando todo o processo desde a suspeita até o processo judicial
Patrícia mostrou os passos a serem seguidos desde a suspeita da violência até o processo judicial
 

O estudante e professor Edilson Fernando já passou por uma situação onde foi identificada a violência contra uma aluna e pontuou a relevância de discussões como essas.” É muito importante a construção deste tipo de pensamento dos formandos a professores porque através disso é que nós iremos começar a identificar as relações que as crianças passam dentro da sala de aula, o tipo de comportamento dela e, dentro disso, vamos saber como podemos trabalhar”, afirmou. 

Apesar de cursar Licenciatura em Física, a estudante Thatiane Albuquerque viu a divulgação do evento na universidade e decidiu participar. Ela destaca que esse tipo de conteúdo deveria fazer parte do currículo obrigatório do curso. “A gente não tem o preparo para observar demandas tão importantes para a vida do estudante, como abusos sexuais, violências físicas, psicológicas. O professor ter essa capacitação para saber o que fazer quando notar algum comportamento do aluno pode salvar a vida do aluno”, disse. “A gente é uma figura que pode fazer a diferença na vida dos alunos tanto na parte de inteligência emocional e assegurando também a integridade física, psicológica e mental desses estudantes”, completou a estudante que mais uma vez ressaltou que o papel do professor não é ser apenas um passador de conteúdo.

O Criar compõe a equipe interprofissional que atua nas 1ª e a 2ª Vara de Crimes contra Crianças e Adolescentes da Capital, atendendo as vítimas e os familiares dos processos tramitam nestas unidades judiciárias. Na próxima semana, a mesma palestra será ministrada pela coordenadora do Criar e psicóloga, Eliane Bezerra, para estudantes que fazem o curso no turno da noite.

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Redação: Cláudia Franco | Ascom TJPE
Fotos: Armando Artoni | K9 Produções