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20ª Semana da Justiça pela Paz em Casa é marcada por atividades de conscientização

A imagem mostra duas mulheres em que uma entrega à outra um panfleto informativo. A mulher da direita veste uma camisa com a frase "não se cale"

Assistente Social da 1ª VVDFM entrega material informativo ao público no Fórum Rodolfo Aureliano

 

Compondo a programação da 20ª Semana da Justiça pela Paz em Casa, a Coordenadoria da Mulher do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) realizou diversas atividades por meio das Varas de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, além de ações em conjunto com entidades parceiras. A Semana ocorreu entre os dias 7 e 11 de março, com uma concentração de esforços das Unidades para priorizar julgamentos referentes a casos de violência doméstica, ampliando, assim, a efetividade na aplicação da Lei Maria da Penha. 
 
Veja fotos de algumas das atividades.
 
No Recife, a 1ª Vara da Violência Contra a Mulher da Capital (VVDFM) promoveu a exposição de cartazes temáticos sobre violência contra a mulher nas duas recepções do Fórum Rodolfo Aureliano. Na terça (8/3) e na quinta-feira (10/3), houve uma ação articulada de panfletagem, realizada em conjunto pelos setores psicossociais das Varas de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Capital, direcionada aos servidores do fórum e ao público que frequenta o local.
 
A assistente social Aldemeire Fernandes, da 1ª VVDFM, esclarece que a violência contra a mulher pode ser praticada inicialmente de maneira sutil, sem que a mulher perceba que está passando por aquilo, mas que geralmente as agressões obedecem a um ciclo de violência. “Às vezes a mulher não entende que está em situação de violência e depois que nós passamos a conversar, ela começa a enxergar isso. São situações mínimas que no imaginário de muitas mulheres não se configuram como agressão, pois elas só conhecem a violência física, aquela que deixa marcas visíveis. Muitas vezes os casos têm início com atitudes consideradas mais ‘simples’, mas quando não se consegue romper o ciclo da violência, a tendência é ir aumentando, podendo chegar a um feminicídio”, afirma a profissional.
 
Apesar de todo o trabalho de conscientização e da quantidade crescente de informações disponíveis, muitas mulheres ainda desconhecem que existem outros tipos de violência como a psicológica, a moral, a sexual e a patrimonial. “É uma questão extremamente complexa porque muitas vezes a mulher está repetindo padrões que fazem parte do histórico de vida delas. Ela viu a avó sofrer, viu a mãe sofrer, então ela está repetindo de forma inconsciente o que ela conhece. Da mesma forma acontece com os homens que viram seus pais e avôs terem comportamentos violentos com as companheiras”, alega a psicóloga Manuela Carrazzoni, que atua na 2ª VVDFM. 
 
Paula Targino, psicóloga da 1ª VVDFM, explica de que forma é feito o acompanhamento de cada caso, diante de suas necessidades. “As equipes multidisciplinares do Judiciário atuam de acordo com o que está previsto na Lei Maria da Penha. Nós trabalhamos no acolhimento dessa mulher, fazendo uma escuta especializada dentro de cada especialidade para, a partir disso, auxiliá-la à medida que vamos identificando suas necessidades no decorrer do processo. Fazemos um trabalho de articulação com as diversas instituições que compõem a rede de proteção e assistência à mulher em situação de violência”. 
 
Durante a entrega dos panfletos e do material informativo ao público presente no Fórum Rodolfo Aureliano, ouvimos a opinião de três mulheres a respeito da violência doméstica e o que elas diriam para mulheres que são vítimas de agressão.
 
Eu diria que ela deveria denunciar porque só assim tem um meio de acabar com essas violências, acabar com essa arrogância desses homens. Mulher não foi feita para apanhar, mulher foi feita para amar. Então acho que o meio de acabar com isso é fazer a denúncia e não aceitar”.  Márcia Reinaldo Gomes - profissional de serviços gerais
 
Eu acho que a mulher deve procurar as unidades que possam ajudá-la de alguma forma a sair dessa situação, como a Delegacia da Mulher, por exemplo. Eu acredito que as mulheres vão conseguir vencer, não devemos deixar de lutar pelos nossos direitos, porque senão as coisas podem ficar da mesma forma ou piorar. Não podemos parar a luta, independente de estarmos cansadas, devemos continuar”. Beatriz Oliveira – telefonista
 
Eu aconselharia que essa mulher procure a ajuda de familiares, de uma rede de apoio ou instituições que ajudam a mulher a sair de uma relação de dependência, de violência. Ninguém passa por isso porque quer, de alguma forma a mulher é induzida a acreditar que não tem saída, seja lá qual for a motivação, financeira, psicológica ou de dependência emocional. A mulher é um ser muito forte e eu vejo as novas gerações de mulheres bastante empoderadas”. Keila Nascimento - advogada
 
Telão localizado em praça de alimentação de um shopping exibe a frase "O silêncio não protege"
 
Outras ações
 
Em conjunto com a Secretaria Executiva da Mulher do Jaboatão dos Guararapes, a Vara da Mulher de Jaboatão efetuou uma ação de esclarecimentos acerca dos direitos da mulher em situação de violência doméstica e familiar, no Centro de Referência da Mulher Maristela Just. Já em Camaragibe, a Vara de Violência Doméstica Contra a Mulher da Comarca realizou um mutirão de audiências de instrução e julgamento.
 
A Vara de Violência Contra a Mulher do Cabo de Santo Agostinho realizou a palestra "Violência de gênero e seus impactos durante a pandemia", ministrada pelo psicólogo da unidade judiciária, Mozart Amorim. 
 
Parcerias
 
Além disso, os principais centros de compras da Capital e Região Metropolitana do Recife estão atuando em parceria com a Coordenadoria da Mulher na divulgação de informações de prevenção e combate à violência doméstica e familiar contra as mulheres. 
 
Até o dia 30 de março, o shopping Plaza, no Recife, fará a exibição de vídeos informativos durante o horário de funcionamento, em telas espalhadas pelos pisos e praça de alimentação.  “Ficamos muito honrados em poder apoiar e dar visibilidade ao Projeto Dialogando sobre a Lei Maria da Penha do TJPE. Sabemos a importância de sensibilizar nossos clientes, lojistas, colaboradores e prestadores de serviços em relação violência doméstica e familiar contra a mulher”, afirmou a superintende do Plaza Shopping, Karina Dourado. 
 
No shopping Patteo, em Olinda, foi realizado um trabalho interno com as colaboradoras e colaboradores, por meio do setor de Recursos Humanos do estabelecimento. Em Jaboatão dos Guararapes, o shopping Guararapes está sendo realizada a exibição de vídeos da campanha nos totens digitais do centro de compras, além da distribuição de panfletos nos pontos de atendimento aos consumidores.
 
Semana da Justiça pela Paz em Casa - O evento é promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e conta com a adesão de todos os Tribunais de Justiça do País, em uma concentração de esforços para priorizar julgamentos referentes a casos de violência doméstica e familiar contra as mulheres, ampliando, assim, a efetividade na aplicação da Lei Maria. A Semana da Justiça pela Paz em Casa apresenta três edições a cada ano: a primeira ocorre em março, próximo ao Dia Internacional da Mulher (8 de março); a segunda edição no mês de agosto, devido à data de sanção da Lei Maria da Penha (7 de agosto); e a última, em novembro, na semana em que se comemora o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres (25 de novembro).
 
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Texto: Amanda Machado | Ascom TJPE
Fotos: Assis Lima | Ascom TJPE