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Em cena, o CrieJam 2024


O juiz José Faustino Macedo e o servidor João Guilherme Peixoto no CrieJam 2024

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Da recepção ouve-se- a música, vinda de uma sala. Crachá recebido, o local do curso é onde vem o som. Toca “Beggin”, do Maneskin – e alto. Passada a porta, tudo meio escuro - luz indireta, azul e laranja. Há um palco e refletores. Esse ambiente é só o começo do repensar - reconstruindo a ideia de sala de aula. Por esse caminho segue a maratona científica de inovação CrieJam, cuja primeira edição de 2024 teve início, nesta quarta-feira (10/4), com 45 participantes, no Instituto de Inovações Aplicadas (Ideias) da Escola Judicial de Pernambuco (ESMAPE).

A sigla Crie vem da junção de ideias pilares - criatividade, inovação e empreendedorismo. O Jam inspira-se nas jam sessions do jazz, flexíveis como geleia. O conceito é de maratona porque lança desafios às turmas, divididas em equipes que competem entre si. São definidos três macrodesafios, em busca de soluções práticas, viáveis e sustentáveis para problemas reais vividos pelo Judiciário – com prioridades definidas pelos dirigentes do TJPE. As equipes vitoriosas de cada um dos três macrodesafios recebem prêmios em dinheiro - e a casa fica com os resultados.


 

Nesta edição, os macrodesafios são: na área de dados, aproveitá-los para a gestão estratégica do Judiciário e melhoria do serviço; na área de gestão, aumentar a celeridade e a produtividade na prestação jurisdicional; e, na área de transformação, construir o futuro da educação judicial, para além do conhecimento legal. Os grupos são montados da forma mais híbrida possível: magistradas, magistrados, servidoras, servidores, integrantes de ambientes externos ao TJPE, gente do Interior e da Capital. A ideia é aproveitar diferentes competências e vivências, enriquecendo o processo.

Os dois professores, ambos do Tribunal de Justiça de Pernambuco, surpreendem tanto quanto a sala. Um é Faustino Macedo, juiz, coordenador do Ideias que, para os cursos, substitui trajes formais pela blusa básica de malha, calca de brim e tênis – e se movimenta como num jogo. Em suas boas-vindas ao grupo, acolhendo o ar surpreso de alguns, ele reflete: “Não é comum imaginar que o Judiciário tenha maratonas para pensar soluções”. Mas avisa: “Desse ambiente descontraído, em três dias, nascerão projetos que virarão realidade no nosso Tribunal”. Mágica? Por trás de uma ideia na cabeça, de formar levas de inovadores no Judiciário criando soluções relevantes, há muita técnica em mãos – aplicada via metodologias ativas de ensino.

O outro docente é João Guilherme Peixoto, servidor, executivo do Ideias e professor do mestrado em Indústrias Criativas da Universidade Católica de Pernambuco - com seu inseparável capacete vintage de skate. Ele explica que o curso-maratona é focado nas necessidades de hoje, mas pensa em 2030, e inspira-se numa frase de Heródoto (século V A.C): “Pensar o passado, compreender o presente e idealizar o futuro”. E completa: “Estamos aqui para construir soluções inclusivas, que mostrem um judiciário conectado com as demandas da sociedade”. Informa também que não é preciso ser entendido de tecnologia: “Confiem no processo”, pede, pronunciando, pela primeira vez, a frase que, diz, será seguidamente repetida ao longo das 20 horas de curso, nos momentos de estresse da competição.



 

Já são várias as ferramentas em uso no Judiciário Pernambucano, nascidas no Ideias. A mais recente é Bastião, Inteligência Artificial originada no CrieJam 2023, que atua no combate a processos repetitivos mal-intencionados – as chamadas demandas predatórias. O projeto chama a atenção do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Depois de criados os projetos são otimizados na Incubadora Decola Ideias até entrarem em operação no sistema.
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Texto - Paula Imperiano
Fotos - Jairo Lima