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Raíssa e Rivaldo expandem ciclo de amor através da adoção

Elias, Raíssa, Laila, Rivaldo e Alvinho

Sempre que contamos histórias de adoção nos vem a certeza de que o amor resgata, transforma, transborda. E para celebrarmos o Dia Nacional da Adoção, 25 de maio, vamos apresentar a família de Raíssa Ramos (34), Rivaldo Pinheiro (41), Laila Pinheiro (4), Elias Pinheiro (3) e do cachorro Alvinho (7), que juntos estão levando adiante um ciclo de amor que vem se multiplicando de geração em geração, através da adoção. 

Rivaldo conta que desde pequeno soube que tinha sido adotado e que o amor não nascia apenas do sangue, o que lhe permitiu conhecer o verdadeiro amor do coração. “Fui adotado ainda novinho, acolhido por uma mãe (também adotada) e por uma avó que me ensinaram o verdadeiro significado de família, de respeito, de lar. Cresci cercado de muito afeto, segurança, atenção, gratidão e a certeza de que era muito, muito, mas muito amado”. 

Depois de adulto, em conversas com a esposa, sentiu que poderia retribuir e compartilhar o amor que recebeu, o amor que transformou sua vida. “O desejo de adotar não era apenas um sonho de ser pai, mas entender que aquilo era uma missão de vida, um ciclo de amor que eu queria continuar. E foi assim que, após muitas conversas, tomamos a decisão em conjunto de adotar”, completou.

Para Raíssa, o desejo de ser mãe não era uma certeza desde o início. “Não sei exatamente quando tudo começou, mas lembro do desejo de ser mãe, depois de não ser mãe, depois da vontade de não gestar (talvez até medo de gestar). Com o passar do tempo eu sabia que seria mãe. Gestando ou não”. 

“Antes de casar conversamos sobre sermos pais e a adoção sempre foi um caminho para nós dois. Ver histórias lindas de adoção foi também fortalecedor para essa decisão. E eu pude ver de pertinho o quanto meu marido amou e foi amado pela mãe dele, que o adotou ainda bebê. E também o quanto minha sogra amou e foi amada pela mãe dela, que também a adotou criança. A relação e ciclo de amor entre eles é das mais lindas e mais fortes que já vi. Então sabia que iríamos seguir com ciclo de amor através da adoção. E que eu poderia também engravidar em algum momento, mas que isso não seria necessário”, avalia Raíssa. 


 

Em janeiro de 2021, o casal deu início ao processo por meio da 2ª Vara da Infância e Juventude da Capital. Após cumprir as etapas necessárias, incluindo o curso de pretendentes realizado através do Grupo de Apoio à Adoção (GEAD Recife), foram habilitados no Sistema Nacional de Adoção (SNA) em março de 2022. Em conjunto, eles decidiram pela adoção de duas crianças, de zero a cinco anos, de qualquer cor, idade ou sexo e sem doenças pré-existentes. 

“O processo foi tranquilo. Nós estávamos certos do nosso desejo e sem pressa. Na verdade, eu acreditava (e esperava) que fosse demorar mais um pouco. Na minha cabeça iríamos passar, no mínimo, três anos na fila”, comenta Raíssa. 

Pouco mais de dois anos após o ingresso no SNA, em abril de 2024, as crianças chegaram. “Rivaldo recebeu a ligação na segunda-feira e não teve dúvidas de que seguiria. Eu li o processo e não tive dúvidas, mas fiquei com medo de dizer sim! Na terça-feira nos conhecemos na casa de acolhimento e tivemos mais certeza. Ali eu perdi o medo”, descreveu.

No dia 15 de abril o casal obteve a guarda provisória para fins de adoção. A partir dessa data, Raíssa iniciou o período de seis meses de licença maternidade, enquanto Rivaldo obteve uma licença paternidade de, aproximadamente, um mês. O direito é garantido por lei a mães e pais adotantes. Após o cumprimento do estágio de convivência, período de até 90 dias em que são avaliados a adaptação e o vínculo afetivo, a sentença definitiva foi expedida em 30 de maio de 24. No mês de julho eles receberam a certidão de nascimento das crianças. 


 

Raíssa considera que a adaptação aconteceu de forma tranquila. “As crianças não rejeitaram em nenhum momento a nova realidade e rotina. Recebemos algumas visitas, mas fomos apresentando a grande família aos poucos para que não se assustassem. Todo o nosso esforço se voltou para que eles se sentissem acolhidos, confortáveis e seguros. Em pouco tempo eu já não sabia se ainda estávamos em adaptação ou se aquela já era nossa realidade definitiva. Hoje, o convívio é desafiador como a realidade de todas as famílias que têm crianças pequenas. Eles têm idades muito próximas. Duas crianças é bem puxado e cansativo, mas a gente está bem feliz”, revelou a mãe.

Quase um ano após o recebimento da sentença de adoção, a família comemora a nova realidade. “O meu sentimento é de que ainda parece inacreditável que o sistema funcionou. E que eu de fato sou a mãe. Sou a responsável por dois seres humanos. A vida me deu dois filhos e eu ainda fico maravilhada com isso. Em completo estado de plenitude. E me parece que foi tudo no tempo muito certo. A pressa de receber logo um certificado, de recolher todos os documentos, de ficar logo habilitada hoje não faz o menor sentido, visto que foi exatamente no momento em que deveria ser. Meus filhos foram feitos para mim e chegaram quando deveriam chegar”, afirma Raíssa. 

Para Rivaldo, a experiência de ser pai tem sido uma das maiores realizações de sua vida. “Sou pai de duas crianças maravilhosas e, sem dúvidas, a chegada das crianças foi uma verdadeira e desafiadora virada de chave em nosso dia a dia. Tudo mudou, nossa rotina, nossas prioridades, nossos planos a dois, de repente se tornaram planos a quatro. Todos dias é um aprendizado. Ser pai me trouxe uma responsabilidade imensa, mas ao mesmo tempo é viver uma alegria sem fim”. 

“Compartilhamos amor em sua forma mais pura, buscamos estar presentes nos pequenos gestos, nas conquistas diárias, nos desafios que surgem e nas conquistas que só quem vive em família entende o valor de verdade. É maravilhoso acompanhar o crescimento e a evolução das crianças, é muito emocionante. Acompanhar o desenvolvimento, o aprendizado e ao mesmo tempo ter a percepção do quanto eu também evoluo e cresço como humano, como pessoa, como pai. A paternidade de fato é algo transformador. O amor nos une, um amor imenso, real, que só me prova diariamente que a escolha pela adoção foi uma decisão das mais bonitas e prazerosas da minha vida. Hoje não consigo imaginar meus dias sem a presença de Laila e Elias”, ressaltou o pai.


 

Para aquelas pessoas que pensam em adotar, Raíssa tem uma mensagem: “Para quem está nesse processo eu diria que pensem sobre sua vontade em adotar de forma individual, independente de seguirem como casal no processo de adoção. Querer ser mãe ou pai é algo muito particular e, uma vez que se torna realidade, é definitivo. Diria que no caminho vão aparecer dificuldades pertinentes à adoção como falas inconveniente e ignorantes. Então que se preparem e estudem para que situações sejam trabalhadas da melhor maneira. Diria também que vão sem medo porque o amor vem de forma inesperada e de pessoas e locais inesperados. Quando as crianças chegaram eu nunca me senti tão amada na vida. Recebemos apoio, acolhimento e suporte de onde eu nem imaginava”, concluiu.


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Texto: Amanda Machado | Ascom TJPE
Fotos: cortesia