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Ceja vai abordar apadrinhamento e convivência familiar para crianças e adolescentes acolhidos em live nesta quarta-feira (1/7)

As crianças e adolescentes que esperam em instituições de acolhimento para serem adotadas passam por situações de privação social e afetiva que muitas vezes podem ser amenizadas através de um gesto simples, que proporciona a experiência familiar ou social sem o compromisso da adoção. Trata-se do apadrinhamento, tema que será abordado em live da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja) do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), nesta quarta-feira (1/7), a partir das 18h30.

O evento virtual será disponibilizado no perfil do Facebook da Ceja - @cejapernambuco – e também pode ser acessado diretamente através do seguinte link: https://www.facebook.com/cejapernambuco/videos/1616263551877937/.

A live O apadrinhamento e a convivência familiar e comunitária para crianças e adolescentes acolhidos será mediada pela secretaria executiva da Ceja, a magistrada Hélia Viegas, e contará com a presença da juíza da Vara da Infância e Juventude de Jaboatão dos Guararapes, Christiana Caribé, e da assistente social da Vara da Infância e Juventude de Palmares, Magaly Barreto. Também participam do encontro a madrinha do programa Pernambuco que acolhe, Rita Falcão, e o padrinho do programa Anjo da Guarda, da Comarca de Jaboatão, Charles Leite.

O apadrinhamento tem como objetivo proporcionar convivência comunitária e/ou suporte material ou profissional para crianças e adolescentes que permanecem em instituições de acolhimento, sem possibilidade de retornar à família de origem e com poucas perspectivas de adoção. O público-alvo são crianças, a partir de dez anos, e adolescentes, bem como crianças e adolescentes com deficiência (de qualquer idade). A ação não implica vínculo jurídico entre o padrinho e madrinha e seus afilhados.

“A grande importância dos programas de apadrinhamento do TJPE é garantir às crianças e adolescentes que hoje já estão disponíveis para adoção, porém encontram-se sem pretendentes para a sua adoção, a convivência familiar, que é um direito maior, talvez um dos mais importantes na vida do indivíduo. A convivência familiar e comunitária deve ser garantida a todos e, se não for pela adoção, que seja através do apadrinhamento”, afirma a juíza Hélia Viegas.

Há três tipos de apadrinhamento: Afetivo, que é aquele em que o padrinho ou madrinha visita a criança ou o adolescente regularmente, podendo levá-lo para passar finais de semana, feriados ou  férias escolares em sua companhia, proporcionando, assim, a vivência social e afetiva através da convivência comunitária; Financeiro ou Provedor, que proporciona suporte material ou financeiro, através de doação de material ou financeira para suprir uma necessidade do seu afilhado, como, por exemplo reforço escolar, custeio de tratamentos na área de saúde, curso profissionalizante, prática de esportes, entre outras atividades; e o Profissional ou Voluntário, que é quando o padrinho ou madrinha disponibiliza o seu trabalho para atender às necessidades de crianças e adolescentes em situação de acolhimento institucional.

Atualmente, o TJPE conta com 12 programas de apadrinhamentos em comarcas, e um programa que abrange todo o Estado, que é o Pernambuco que Acolhe. Entre estes, destacam-se: Estrela Guia (Recife), Anjo da Guarda (Jaboatão dos Guararapes), Anjos de Olinda (Olinda), Conta Comigo (Paulista), Padrinho do Coração (Abreu e Lima), Farol (Cabo de Santo Agostinho), Mãos que cuidam (Vitória de Santo Antão), Laços de afeto (Palmares), Projeto Laços: desatando nós, construindo relações (Caruaru), Família Amiga (Serra Talhada), Construindo elos (Salgueiro) e Acolhida cidadã (Petrolina). Durante a live, serão expostas todas essas ações de apadrinhamento do Judiciário estadual, com a disponibilização dos seus respectivos contatos.

A juíza Christiana Caribé pontua que o programa Anjo da Guarda, em seus cinco anos de atuação na Comarca de Jaboatão dos Guararapes, vem ressignificando a vida de centenas de crianças e adolescentes em situação de acolhimento institucional, contribuindo para um saudável desenvolvimento psicossocial, emocional e cognitivo.

“Nós já tivemos onze adoções concretizadas por padrinhos afetivos, todas bem-sucedidas, com vínculos que foram sendo formados de forma paulatina entre padrinhos e afilhados até que se transformou em vínculo de filiação, surgindo o desejo recíproco de adoção. Tivemos também muitas crianças e adolescentes beneficiados com reforço escolar, esportes e cursos profissionalizantes, o que contribuiu para garantir-lhes autonomia de vida; bem como com esportes, lazer e terapia proporcionados por padrinhos financeiros e profissionais”, comenta a magistrada.

O designer e professor universitário Charles Leite, de 40 anos, conheceu o seu filho João Pedro há dois anos, na condição inicial de padrinho. O contato com João, que hoje tem 13 anos, aconteceu através de cadastro na Ceja e direcionamento para o programa Anjo da Guarda, onde se inscreveu como padrinho afetivo. Através do Anjo da Guarda, Charles Leite conheceu diversas instituições de acolhimento, sensibilizando-se com a história de vida de crianças e adolescentes, até conhecer João Pedro. O início do apadrinhamento consistia em visitas, depois, com anuência das equipes do TJPE e da instituição em que João se encontrava, foram realizados passeios com o seu afilhado para a praia, cinema, restaurantes, proporcionando, assim, um convivido tanto familiar quanto social para o adolescente.  

Para Charles, a live promovida pela Ceja é muito importante para a sociedade. “É interessante o fato de hoje estarmos todos em situação de isolamento social, e pensarmos que essas crianças e adolescentes que moram em casas de acolhimento já estão em isolamento social há muito tempo. Essa live vem responder a muitas dúvidas e questões dos cidadãos sobre adoção, apadrinhamento, e é muito importante e significativa porque estarão presentes, de uma forma interlocutória, juízas e equipes do Judiciário a serviço da sociedade”, comenta.

Também estará presente na live, a pedagoga Rita Falcão, de 42 anos, que conheceu a sua afilhada, Ana Clara, atuando como voluntária em uma instituição de acolhimento voltada para crianças e adolescentes com deficiência, no Engenho do Meio. Por conta de sua atuação, Rita passou a ter contato com Ana Clara, criando um vínculo com a adolescente, que, na época, tinha 16 anos. Esse contato a levou a procurar a Ceja, onde passou por entrevista e cadastro, e logo após teve a liberação para ser madrinha da menina.

“Mesmo que eu tivesse experiência com outras crianças, com Ana é diferente, pois trata-se de uma criança com paralisia cerebral, e eu achei que não ia conseguir atender as expectativas dela. Mas quando eu a trouxe para a minha casa, e chegou a noite e ela, deitada em minha cama, olhou para mim e sorriu, eu descobri que aquilo era o que eu queria fazer para o resto da minha vida. Tem sido uma troca bem bacana, a gente pensa que é a gente que está dando oportunidade para a criança, mas eu descobri que é exatamente o contrário, Ana trouxe um outro sentido à minha vida, ela mudou por completo a minha vida”, afirma Rita.

Os interessados em ser padrinhos e madrinhas de crianças e adolescentes acolhidos, podem se inscrever e buscar mais informações no link: https://www.tjpe.jus.br/web/infancia-e-juventude/apadrinhamento/pernambuco-que-acolhe

 
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Texto: Micarla Xavier | Ascom TJPE
Imagem: Ceja/PE