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Memorial de Justiça do TJPE desenvolve jogo que une História, Justiça e Cultura para crianças com deficiência
Fachada do Memorial de Justiça de Pernambuco, localizado no bairro do Brum, centro do Recife
Guardiões da Justiça versão 1.0 é um jogo digital para dispositivos móveis, com versão trilíngue – Português, Inglês e Libras – criado pelo Memorial da Justiça do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) e a Tangram Cultural, através de financiamento do Sistema de Incentivo à Cultura do Governo estadual (Funcultura). O “game” é desenvolvido para crianças entre os 4 e 8 anos de idade e para aquelas pessoas diagnosticadas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), com transtornos de aprendizagem ou com deficiência intelectual.
A previsão é que o aplicativo seja lançado no primeiro semestre do próximo ano, quando estará disponível para celulares com o sistema Android ou iOS. “No ambiente do aplicativo, os jogadores serão estimulados a praticar ações de cidadania e de educação patrimonial e a pensar sobre a importância da preservação do patrimônio e sua salvaguarda”, esclarece a gestora do Memorial da Justiça, unidade vinculada à Secretaria Judiciária (Seju TJPE), Mônica Pádua.
“Atualmente, o jogo está em desenvolvimento cíclico, ou seja, crianças estão testando o aplicativo e, de acordo com as observações delas, aplicamos os devidos ajustes”, explica a sócia-diretora da empresa Tangram Cultural, Germana Pereira. Uma das propostas do jogo é que os participantes explorem virtualmente a estação do Brum, antiga estação ferroviária do Recife, construída entre 1879 e 1881. No espaço, que integra o patrimônio cultural ferroviário brasileiro, funciona o museu do Memorial da Justiça do TJPE desde o ano de 1999.
Germana Pereira enfatiza que, além de levar os usuários a jogar, o jogo “Guardiões da Justiça” quer, principalmente, estimulá-los a visitar também o museu do Memorial da Justiça. Em paralelo, a equipe do Memorial do TJPE será capacitada para usar o jogo como ferramenta de mediação entre os conteúdos das mostras culturais promovidas no Memorial e seus visitantes deficientes.
Iniciativa global – O projeto segue ações já implantadas pelos museus ingleses Science Museum, Natural History Museum e Museu de Manchester, como também pelo Museu de Nova Iorque, nos Estados Unidos. O programa deste último, intitulado Subway Sleuths, é dirigido também a crianças entre 7 e 12 anos, incluindo as diagnosticadas com TEA.
Como jogar no Guardiões da Justiça 1.0
O primeiro contato do jogador no aplicativo será com o prédio da antiga estação ferroviária. Nessa fase, o usuário poderá conhecer o edifício e praticar ações voltadas à educação patrimonial. Logo depois, o participante será introduzido nas outras temáticas do jogo que são conhecer e interagir com a capoeira, o frevo, a escravidão e a cultura nordestina.
Além do público-alvo do projeto, o jogo pode ser jogado por qualquer pessoa, independente do seu grau de cognição. Para aqueles que necessitam, os recursos de acessibilidade comunicacional incluem audiodescrição, linguagem de libras e legendas para os surdos e ensurdecidos (LSE), possibilitando o seu uso por pessoas com deficiência visual ou auditiva também.
Desenvolvimento – Além da empresa Tangram Cultural, que opera em parceria com o Memorial de Justiça do TJPE em projetos culturais sobre Patrimônio desde 2014, a equipe que desenvolve o “Guardiões da Justiça 1.0” é formada pela servidora do TJPE e coordenadora pedagógica especialista em Ludicidade, Gabriela Severien; pela designer de jogos Jullie Harten; pelo desenvolvedor Diogo Guimarães; pela consultora pedagógica – especialista em TEA, Magda Maria Bezerra; e pela produtora VouVer Produções, especializada em Libras, Audiodescrição e LSE.
A instituição ABA Global Education vai arcar com parte do custo de produção do jogo, por meio da disponibilização de espaços e serviços. A entidade colocou professores à disposição para realizar os testes com o jogo dentro de sala de aula.
Autismo – Segundo o Center of Diseases Control and Prevention (CDC), dos EUA, a incidência de autismo entre as crianças naquele país aumentou. Atualmente, uma em 45 delas está dentro do Transtorno do Espectro Autista (o que representa cerca de 2,25%). Entre 2011 e 2013, essa taxa era apenas de uma a cada 80 e, em 2008, uma em cada 100.
No Brasil, calcula-se que existam 2 milhões de autistas e, além deles, pessoas com outros transtornos de desenvolvimento e deficiências como o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), Síndrome de Down, deficiências intelectuais e transtornos de aprendizagem. Estima-se que 6,2% da população brasileira tem algum tipo de deficiência, segundo dados do IBGE de 2015.
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Texto: Izabela Raposo | Ascom TJPE
Foto: Assis Lima | Ascom TJPE